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Governo apara arestas para aprovar o mínimo no Senado

O governo distribuiu tarefas a ministros e aliados para que conversem individualmente com senadores a fim de reverterem pelo menos seis votos contrários e aprovar nesta semana a medida provisória que fixou o salário mínimo em R$ 260. O presidente do Senado, José Sarney, e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, seriam as duas peças centrais para reverter esses votos. O governo deixou claro que conta com o apoio dos dois para aprovar o mínimo. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, iniciou ontem o comando das ações de governo para aprovar a MP, em meio às especulações sobre o agravamento da disputa interna de poder com José Dirceu. Rebelo participou de duas reuniões com líderes da base no Senado, em que foram feitos mapeamentos de votos ao longo do dia.

Hoje, integrantes da equipe econômica discutem com senadores aliados a elaboração de um projeto de lei para recuperar o poder de compra do salário mínimo. O objetivo é que a abertura do Ministério da Fazenda ao diálogo garanta pelo menos o apoio de 30 senadores do PT e do PMDB.

Entre as tarefas distribuídas pelo Palácio do Planalto, na cota de Sarney caberia conseguir os votos de Roseana Sarney (PFL-MA), Edison Lobão (PFL-MA) e Papaléo Paes (PMDB-AP). Já José Dirceu, que é figura respeitada no Senado e tem bom trânsito entre parlamentares do PFL e PSDB, teria a tarefa de convencer Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) e João Ribeiro (PFL-TO). A missão impossível do ministro da Casa Civil é dialogar com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e seus dois afilhados políticos: Rodolpho Tourinho e César Borges. ACM reiterou ontem que não muda o voto. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), vai lutar pelo voto de Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

Nas contas do governo, até ontem pelo menos 38 votos estavam garantidos e seria possível costurar o apoio de 40 parlamentares. A oposição, por sua vez, continua a sustentar o placar de 43 votos a favor do mínimo de R$ 275. ” Estamos seguros de que vamos vencer ” , afirmou o líder do PFL, José Agripino Maia (RN). ” O governo inteiro vai se unir na votação do mínimo e temos a convicção de que a medida será aprovada ” , rebateu uma fonte do Palácio.

A operação de guerra do governo começa a dar resultados. Os senadores Papaléo Paes e Edison Lobão deram sinais de que podem mudar os votos. Outro que já teria sido convencido por Sarney é João Alberto (PMDB-MA). O vice-presidente José Alencar pretende garantir dois votos no PL favoráveis ao mínimo de R$ 260: de Marcelo Crivella (RJ) e José Aelton (MG). Paulo Elifas (PMDB-RO), suplente do ministro da Previdência, Amir Lando, já garantiu que votará com o governo, não sendo necessária a exoneração relâmpago do ministro para votar.

A data da votação não foi definida, mas apesar de alguns governistas defenderem o adiamento para a próxima semana, o mais provável é que a MP seja apreciada na quinta-feira. ” O melhor dia para votar é quando tivermos número para ganhar. Vai ser uma votação apertada, então cada voto é importante ” , resumiu o líder interino do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O líder do PMDB defende a votação na quinta-feira. ” Nossa expectativa é a melhor possível. Todos os aliados estão participando dessa batalha, e todo governo que tem juízo sempre precisa dos votos da oposição ” , definiu Calheiros.

O secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, e o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, reúnem-se hoje com senadores aliados para definir que medidas de recuperação do poder de compra do mínimo poderiam constar num projeto de lei ou na própria Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Relator do orçamento, o senador Romero Jucá defende que a recuperação do mínimo seja atrelada ao crescimento do PIB. A equipe econômica rejeita essa alternativa. Outra hipótese seria fixar um percentual de aumento real do mínimo (acima da inflação). A fórmula será divulgada hoje.

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