Mercado

Global Invest avalia as conseqüências do preço recorde do petróleo para o Brasil

O preço do barril do petróleo tem atingido patamares extremamente altos vistos pela última vez em 1991 durante a guerra do Golfo. Uma preocupação recorrente em momentos de alta desse ativo é em quanto isso influenciará nos preços de combustíveis no Brasil e no mundo.

A tensão criada em torno do mercado desta commodity veio após o anúncio da OPEP de que vai reduzir em 1 milhão de barris por dia a produção de petróleo a partir do dia 1º de abril. O corte ocorreu em um momento em que os Estados Unidos se preocupam com o baixo estoque de combustível para o verão que se aproxima, e o aumento da demanda chinesa por petróleo. O consumo de petróleo na China é o segundo maior do mundo depois dos Estados Unidos.

A excessiva elevação do preço do petróleo trará conseqüências bastante negativas para o mercado mundial, especialmente para grandes importadores como os Estados Unidos e a China. Por isso a OPEP está sendo pressionada em rever o último corte estipulado em fevereiro deste ano, antes que a redução entre em vigor no dia 1º de abril. Com o preço do petróleo tão elevado, países dependentes desta commodity têm visto os preços de combustíveis aumentarem significativamente, como é o caso dos Estados Unidos. Já o Brasil não tem sido diretamente afetado com os aumentos internacionais. O mercado interno de gasolina não acompanhou a tendência de alta do preço do petróleo. As principais razões para esse fato podem ser:

1- O Brasil importa somente 20% do petróleo que refina. Sendo assim, a maior parte da gasolina no país vem de petróleo interno, fazendo com que seu preço seja influenciado somente pelos custos de extração, e não tão fortemente por aumentos das cotações internacionais da commodity. É importante lembrar que quase que a totalidade do refino interno brasileiro de petróleo é feito pela própria Petrobrás;

2- A gasolina brasileira contém 25% de álcool. Esse talvez seja o principal motivo que conseguiu estabilizar o preço da gasolina no ano de 2003, considerando que, apesar do aumento do preço do barril do petróleo que influencia os 20% do petróleo importados para refino, o preço do álcool tem um impacto sobre o preço da gasolina muito maior. O preço do álcool sofreu uma queda de 62,81% nos últimos 12 meses.

Há uma relação forte entre os preços de gasolina, petróleo e álcool. Quando os preços do petróleo e álcool sobem durante o mesmo período, o preço da gasolina acompanha a mesma tendência. Porém, durante o período em que o petróleo segue em ritmo de alta, e o álcool apresenta uma variação semelhante só que oposta, o preço da gasolina mantém-se estável. Desta maneira, podemos concluir que a queda do preço do álcool tem segurado o aumento da gasolina em frente da disparada do preço do petróleo no mercado internacional. Sendo assim, a gasolina poderá sofrer alta durante o ano se o petróleo continuar valorizando-se ou manter-se nos atuais patamares, pois se espera que o preço do álcool passe por uma recuperação nos próximos meses.

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