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Gestão de pessoas no setor sucroenergético

Desde a descoberta das vastas reservas de petróleo na camada pré-sal, o assunto etanol perdeu boa parte do destaque que chegou a ter na agenda energética do governo federal, principalmente no período de 2006 a 2008, quando a produção brasileira de cana cresceu a um ritmo de 13,5% ao ano.

A despeito de seu excelente desempenho, o setor acumulou dívidas nos últimos anos, sendo duramente atingido pela crise do crédito no final de 2008 e início de 2009. Também amargou perdas causadas pelas chuvas fortes, que impediram os empresários de aproveitarem o bom momento de alto de preços observado em uma parte do corrente ano.

Ainda assim, diversos fatores – entre eles, os mais de 30 anos do programa brasileiro de bioetanol – garantem que o setor sucroenergético se mantenha vivo e forte.

Vale ressaltar que o etanol! , sobretudo o obtido a partir da cana-de-açúcar, é dotado de características que o tornam especialmente competitivo neste início de milênio, quando as preocupações com o meio ambiente, e em particular com as mudanças climáticas, estão na pauta das economias mais fortes do mundo.

A cana-de-açúcar é a melhor fonte vegetal conhecida de energia limpa. Além de seu caule ser fonte abundante de combustível, a queima da palha e do bagaço vem sendo praticada em muitas usinas que implantaram sistemas de co-geração de eletricidade. E há estudos promissores, desenvolvidos em universidades brasileiras, que apontam a possibilidade de se obter etanol também da palha e do bagaço da cana, bem como de aparas de madeira e sabugos de milho.

Todos esses elementos são compostos por celulose, cujas moléculas podem ser quebradas por meio de um processo químico denominado “hidrólise”. A principal vantagem dessa abordagem é esvaziar o argumento de que a produção de biocombustíveis compete! com a produção de alimentos. Sua desvantagem, por enquanto, é o custo.

Além das virtudes ambientais associadas ao setor sucroenergético, vale lembrar que as indústrias desse segmento são geradoras de empregos, respondendo por nada menos que 4,5 milhões de postos de trabalho, diretos e indiretos. Trata-se de um setor em constante expansão, no qual a profissionalização e a mecanização se fazem cada vez mais presentes. Isso se deve, sobretudo, a uma necessidade: o Brasil tem cerca de 300 usinas, mas a maior parte delas é antiga, ineficiente e administrada em esquema familiar, sem gestão profissional adequada. A evolução do setor será, portanto, natural e inevitável.

Nesse contexto, especificamente no que concerne ao perfil da mão-de-obra, devem ocorrer mudanças profundas e impactantes. Por um lado, crescerá a demanda por recursos humanos capacitados, aptos a responder rapidamente às novas complexidades do ambiente produtivo; por outro, os cortadores de cana serão, cada ! vez mais, substituídos pelas máquinas colheitadeiras.

Até 2008, o avanço da mecanização vinha sendo concomitante à expansão das áreas de cultivo, o que preservava os níveis médios de emprego. Mas essa tendência está mudando em decorrência de uma estabilização da quantidade de terras agricultadas e de usinas instaladas. Impõe-se, portanto, a necessidade de realocar essa mão-de-obra numerosa e pouco qualificada.

Para se adequarem aos padrões mundiais de qualidade e produtividade, as empresas têm sido cada vez mais instigadas a acelerar a dinâmica das suas inovações, tanto as tecnológicas quanto as administrativas. Nesse cenário globalizado e fortemente competitivo, impõem-se novos comportamentos e uma nova cultura, com a crescente valorização do capital humano e de tudo o que ele representa – uma rica bagagem de conhecimento, por exemplo. Essa situação, somada ao novo perfil do profissional necessário ao mercado sucroenergético, torna a gestão de pessoas um assunto prioritário para o setor.

Investir em treinamento é um começo. O moderno produtor deve ter em mente que a gestão de pessoas deve ser feita com base em competências, orientando-se pela aprendizagem e pelo desenvolvimento, que constituem o eixo central da agregação de valor.

A valorização dos recursos humanos e a disposição em investir em sua preparação e seu aprimoramento é o que vai permitir, para as empresas, criar e manter vantagens competitivas. Afinal, a falta de mão de obra qualificada é justamente um dos desafios mais importantes do setor. Quem tiver habilidade para preparar o que não está pronto decerto colherá os melhores resultados.

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