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Gerdau consolida-se nas Américas e quer avançar na Europa

Líder nas Américas no negócio de aços longos, com produção anual de 16 milhões de toneladas e um programa de investimentos de US$ 4 bilhões em andamento até 2009, o grupo Gerdau sabe que qualquer cochilo pode ser fatal na competição acirrada que tomou conta do setor. Por isso, quer continuar marcando posição no mapa mundial do aço. “O processo continua forte, com empresas à venda e empresas interessadas em comprar e a Gerdau está nessa onda”, afirma André Gerdau Johannpeter, presidente do grupo familiar que está entre os 15 maiores produtores mundiais dessa indústria.

O executivo de 43 anos, que assumiu o comando da Gerdau no início deste ano, substituindo mais de 20 anos de liderança do pai, Jorge Gerdau, admite que o jogo fica mais pesado a cada dia. “Não está fácil, porque os ativos estão escasseando e muito caros”. André informa que os valores pagos – os chamados múltiplos de Ebtida, sigla que mede o resultado operacional de uma companhia – duplicaram nos últimos três anos. “Pagava-se quatro ou cinco múltiplos; agora está na média de oito a nove”, diz.

Um dos negócios mais caros dos últimos tempos foi a venda da anglo-holandesa Corus para a indiana Tata Steel por US$ 13 bilhões.

A estratégia da Gerdau está bem definida: consolidar-se ainda mais nas Américas, avançar na Europa e começar a abrir caminhos rumo à Ásia. Na China, o grupo já tem bases de prospecção há um bom tempo, garimpando oportunidades. Como a gigante siderurgia chinesa é vista como o palco da futura grande batalha de aquisições e fusões, a Gerdau quer estar pronta para o ataque. Nos Estados Unidos e em países da América Latina, diz, há ainda oportunidades a serem perseguidas. A mais recente aquisição do grupo ocorreu no México.

A estratégia da Gerdau segue a cartilha usada pelos acionistas controladores em todos esses anos, com alguns adendos, explica Johannpeter: crescimento com rentabilidade, diversificação geográfica (Europa e Ásia), busca da liderança nos mercados em que atua e ampliação do portfólio de negócios, entrando firme em aços planos. Hoje, sua presença nesse segmento é pequena – 50% em uma laminadora nos EUA. No Brasil, a CSN já foi alvo da Gerdau. Além de longos, o grupo já tem uma posição importante em aços especiais, tipo de produto fortemente vinculado à cadeia automotiva.

Nessa área, está no Brasil, com a usina Piratini, no Sul, e na Europa, com a compra de 40% do capital da espanhola Sidenor, empresa que controla que controla 58% de Aços Villares, líder desse negócio no Brasil. Em aços especiais, a estratégia é seguir a cadeia automotiva que ruma para a China. A aquisição de um ativo lá é questão de tempo. “Há oportunidades em vista, mas ainda nada de concreto para anunciar”.

Com a carteira de investimentos em curso, o grupo projeta crescimento de 12% em sua capacidade total de produção de aço bruto. O volume passará de 19,6 milhões de toneladas atuais para 22 milhões de toneladas em 2009. Mais da metade desse volume (11,4 milhões de toneladas) estará no exterior: América do Norte, América Latina (exceto Brasil) e Europa. Nas atuais usinas da Gerdau Ameristeel há expansões em curso nos EUA – em uma fábrica na Flórida e outra em Iowa, além de outros Estados. Nas Américas, o grupo tem mais de 30 unidades em operação.

No Brasil, com aumento de 14%, a capacidade vai a 10,6 milhões de toneladas, fundamentalmente puxada pela instalação do novo alto-forno na Açominas. A instalação entra em operação no segundo semestre e eleva seu tamanho de 3 milhões para 4,5 milhões de toneladas. Com predominância de aços semi-acabados (tarugos e placas), a empresa visa o mercado externo para desovar boa parte desse volume. Hoje, já exporta cerca de 70% de tudo que extrai de seu alto-forno. O grupo analisa ainda montar novo equipamento para produzir placas nessa siderúrgica, que fica em Ouro Branco (MG).

Em todas as usinas do grupo no país – do Ceará ao Rio Grande do Sul, passando por Pernambuco, Bahia, Minas, Rio, São Paulo e Paraná – há investimentos em curso nas linhas de produção de aço de laminação. Em três anos, estão previstos US$ 2,4 bilhões – 55% do total.

A Gerdau, em aços longos, detém praticamente metade do mercado brasileiro, competindo com a Belgo Arcelor Mittal, vice-líder, e com a Barra Mansa, do grupo Votorantim. No segmento de vergalhões, produto voltado à construção civil, verifica-se uma competição mais acirrada. Mas a disputa também se dá no mercado de perfis para aplicações industriais.

Conforme Johannpeter, o mercado doméstico mostra sinais bem mais consistentes de reativação da demanda – na construção civil e em atividades ligadas ao agronegócios, como indústria de máquinas e implementos agrícolas e usinas de açúcar e álcool. O grupo trabalha com previsão de 5% a 8% na demanda de aços longos comuns. “Há dois motivos fortes: melhoria do crédito imobiliário e a retomada de pedidos por parte do setor de agronegócios”. A demanda, até março, avalia, “foram muito boas”.

O impacto do câmbio nas exportações preocupa. O grupo embarca ao exterior de 20% a 30%. Com isso, a Gerdau fica com uma exposição internacional de mais de 60% da sua receita. A melhoria dos preços do aço lá fora – US$ 30 a US$ 40 a tonelada no primeiro trimestre – ajudou a minimizar esse impacto, diz o executivo. “No entanto, isso nos força a ser mais eficientes e buscar cada vez mais redução de custos para nos manter competitivos”.

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