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Gasolina vai seguir na ponta

Pelos próximos cinco anos, a produção de álcool não vai acompanhar a demanda e continuará sendo vantagem abastecer o carro com gasolina, apontam especialistas.

Além de haver cada vez mais carros flex no mercado, o preço do açúcar está em alta, fazendo os usineiros optarem por este destino para a cana-de-açúcar. Para completar o cenário desfavorável ao motorista, os canaviais brasileiros estão envelhecidos e com produtividade baixa.

Para valer a pena, o álcool precisa custar até 70% do preço da gasolina, porque a autonomia do veículo com etanol é, em média, 30% menor.

Em Santa Catarina, considerando o preço médio dos combustíveis em levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre os dias 10 e 16 deste mês, o índice é de 83,93% – ou seja, a gasolina é mais vantajosa.

O cenário atual indica a tendência de manutenção dos preços, afirma Ayrton Fontes, economista da agência de varejo automotivo MSantos. Sobre a disparidade entre oferta e demanda, ele lembra que as projeções apontam que haverá queda na produção deste ano em relação à previsão da safra (veja quadro acima). Na outra ponta, estima que 3 milhões de carros flex chegarão às ruas brasileiras.

Para o especialista, esse quadro vai obrigar a importação de etanol. A dúvida é sobre a quantidade comprada do exterior, mas certamente será muito mais do que os 150 milhões de litros trazidos dos EUA no começo do ano. Ayrton diz que as previsões do mercado partem de 500 milhões de litros e chegam aos 800 milhões de litros.

A falta de cana-de-açúcar também é causada pela baixa produtividade das plantações. O economista da MSantos explica que o clico de vida é de, em média, 5,5 anos. A perda de produtividade pode ser medida pela quantidade de açúcar colhida por hectare. Números da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que, na safra de 2010, a média foi de 94,6 toneladas. Neste ano, ficou em 76 toneladas – queda de 19,66%.

Havia planos para renovar os canaviais, mas eles foram adiados por causa da crise mundial de 2008, explica Ayrton. Eles só estão sendo retomados agora, e a consequência é a capacidade de produção de etanol crescer menos do que a demanda, relata Weber Amaral, coordenador do curso de Negócios em Petróleo, Gás e Biocombustíveis da USP. Ele lembra que, após o plantio, é preciso dois anos para a produção começar.

Além de não haver cana-de-açúcar suficiente, os usineiros optam por produzir açúcar, mais valorizado no mercado, afirma Weber. Dados da USP mostram que, somente no último mês, a alta na produção foi de 15,34% em São Paulo, sede das maiores plantações do país.

felipe.pereira@diario.com.br

FELIPE PEREIRA

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