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Gases poluentes dobram riscos de aquecimento global, diz estudo

As emissões de gases poluentes mais do que dobraram os riscos das ondas de calor excessivo como as que assolaram a Europa em 2003, de acordo com um estudo feito por cientistas britânicos.

No verão do hemisfério Norte do ano passado, as temperaturas chegaram a subir alguns graus Celsius –cinco graus, no caso da Suíça.

Em conclusões publicadas na revista científica Nature, pesquisadores da Universidade de Oxford e do Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha dizem que em breve será possível responsabilizar Estados e empresas por fenômenos climáticos.

“Este estudo sugere uma forma de relacionar emissões de gase que causam o efeito estufa a danos reais”, afirmou o professor de Oxford Myles Allen à BBC.

Processos por danos ambientais

Allen é co-autor de dois artigos publicados na Nature –uma análise científica que calcula o risco do aumento de temperaturas e outro, escrito com advogados, sobre como a lei deve encarar o cálculo desses riscos.

O cientista diz que o estudo não é conclusivo, mas que mostra uma “direção a ser seguida”.

Com outras formas de danos ambientais, é relativamente simples estabelecer responsabilidades e determinar quem tem que pagar pelas reparações.

Mudanças climáticas são um fenômeno bem mais complexo já que são globais e têm diversas causas.

O estudo é uma das primeiras tentativas de associar o aumento no nível de gases poluentes a eventos climáticos específicos.

Cientistas acreditam que o verão europeu do ano passado foi o mais quente em 500 anos; ao criar modelos de computador, os pesquisadores da Universidade de Oxford e do centro meteorológico calcularam que os gases poluentes derivados de atividades humanas mais do que dobraram as chances de novas ondas de calor.

Para Allen, essa abordagem permite que indivíduos prejudicados por mudanças climáticas possam recorrer à Justiça para reivindicar indenizações, numa analogia com o que aconteceu com os fumantes e a indústria tabagista.

“As pessoas sempre tiveram câncer de pulmão, mesmo antes de começarem a fumar”, disse ele, “mas obviamente fumar aumenta significativamente o risco de câncer de pulmão e, com base nisso, os tribunais decidiram que os fumantes tinham um argumento.”

O cientista explica que depende de quanto o fator em questão aumenta o risco. Os tribunais apenas se interessam, diz Allen, se o aumento for significativo.

O artigo da Nature prevê mais verões como o de 2003 nos próximos anos.

“De fato, as nossas previsões dizem que se nós continuarmos sem fazer sérias tentativas de reduzir emissões de gases poluentes, nós vamos experimentar um verão como o que tivemos em 2003 a cada dois anos”, afirmou Peter Scott, outro autor do estudo, à BBC.

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