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Garoto-propaganda

Tem valido a pena o esforço do presidente Lula em promover o álcool brasileiro mundo afora. Abriu mercados e fortaleceu o setor, com um marketing mais agressivo. Ao chamar a atenção para o combustível feito com cana-de-açúcar, acabou incomodando os Estados Unidos, com seu etanol à base de milho. Brigas à parte, o fato é que o nosso produto vem ganhando espaço lá fora.

Em 2007, países como Austrália, Alemanha, China, Nova Zelândia, Índia, Suíça, África do Sul e Paraguai não apareciam entre os destinos do álcool exportado pelo Brasil. Já no ano passado, todos eles foram incluídos na lista dos 48 locais aonde chegam o etanol brasileiro, conforme dados da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), que reúne as principais empresas do setor e responde por metade da produção nacional. Com toda a ironia, os Estados Unidos continuam como nossos principais compradores, recebendo 1,52 bilhão de litros de álcool em 2008. É quase um terço do total de 5,12 bilhões de litros exportados pelo Brasil. Na sequência dos maiores importadores, vêm os Países Baixos, com 1,33 bilhão, a Jamaica, com 436 milhões, El Salvador, que comprou 355,9 milhões, e o Japão, com 263,2 milhões de litros. Os novos clientes do mercado brasileiro não aparecem com grandes quantidades adquiridas, mas são importantes por ajudar a espalhar a presença do produto por todos os continentes.

O etanol do Brasil agora compete com o americano até em eventos de grande porte e enorme visibilidade para o segmento, como a Fórmula Indy. Com o apelo de ser menos poluente que outras fontes de energia, há dois anos o etanol passou a mover os carros da corrida, mas usando somente o que era produzido com milho. Já na temporada de 2009, o álcool da cana entrou com força na competição, tirando espaço do rival.

De cara, os produtores brasileiros passaram a fornecer metade de todo o combustível da temporada, que vai de abril a outubro. São cerca de 225 milhões de litros de etanol de cana e 225 milhões de litros de etanol de milho circulando na Indy, conforme mostrou reportagem do Estado de Minas no sábado. A intenção é aumentar a participação do produto brasileiro, com a etapa da corrida prevista para o Brasil no ano que vem sendo toda abastecida por combustível à base de cana. Se a escolha do evento for por Ribeirão Preto, o casamento será perfeito, já que está num polo produtor de álcool (além da cidade do interior de São Paulo, estão no páreo Rio de Janeiro e Brasília). Da plateia, Lula deve estar adorando ver isso.

Vantagem brasileira

A favor do Brasil, há os argumentos de que o produto feito com cana-de-açúcar emite gases menos poluentes que os combustíveis que utilizam outras matérias-primas. Nos Estados Unidos mesmo chegou a ser levantada a polêmica, sugerindo que o etanol brasileiro não s eria tão “verde” como se dizia, considerando que a produção da matéria-prima acabaria se expandindo indiscriminadamente, sem proteção de áreas ambientais.

Recentemente, a dúvida acabou sendo derrubada. Inúmeros estudos científicos provam que a substituição da gasolina pelo etanol reduz bastante as emissões de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa. Cálculos do Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia concluíram que o etanol produzido no Brasil permite reduzir em 72% a emissão de gases associados ao consumo de gasolina. Considerando o desmatamento e outros efeitos indiretos atribuídos pelos ambientalistas à produção de álcool, a redução cairia bastante, para 24%.

Mesmo assim, o produto brasileiro sairia ganhando na comparação com o etanol dos Estados Unidos. A pesquisa da Califórnia sugere que a substituição da gasolina por etanol de milho aumentaria em 4% as emissões de carbono, depois de descontados todos os efeitos indiretos. Esse estudo serviu de base para a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla inglesa). Ponto para o Brasil.

Ainda em segundo

Enquanto isso, produtores vão fazendo a sua parte, na expectativa de processar, vender e lucrar mais. Este ano, esperam produzir no Brasil cerca de 26 bilhões de litros de álcool, bem mais que os 22,48 bilhões que saíram das usinas no ano passado. São Paulo lidera com folga esse mercado, com produção de 13,34 bilhões de litros em 2008, segundo levantamento da Unica. Minas vem numa disputa apertada com o Paraná, mas ainda perde a segunda posição. Os produtores paranaenses ficam com 1,86 bilhão de litros e os mineiros, com 1,78 bilhão.

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