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Ganhos de fornecedor de cana deverão cair até 20% em 2004/05

Se as perspectivas para os preços internacionais do açúcar já não são otimistas para as usinas em 2004, para os fornecedores de cana – base da pirâmide da cadeia sucroalcooleira – a preocupação ainda é maior. “Com a expectativa de maior oferta para a safra 2004/05, os ganhos dos plantadores de cana vão cair ainda mais”, diz Antonio Celso Cavalcante, presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Ferplana).

Nesta safra, o preço médio da tonelada da cana ficou em R$ 32,50 no Centro-Sul do país, 10% abaixo do valor pago no ano anterior. No Nordeste, a remuneração está menor que a do Centro-Sul nesta safra, com a tonelada cotada a R$ 25, com tendência de queda. “Na safra passada, os preços médios no Nordeste ficaram entre R$ 38 e R$ 40 a tonelada”, afirma Cavalcante.

Para 2004/05, as perspectivas são de que o pagamento pela matéria-prima caia cerca de 20%, ficando entre R$ 26 e R$ 27 por tonelada, no Centro-Sul, de acordo com estimativa da Associação dos Lavradores e Fornecedores de Cana de Igarapava (SP).

A oferta nacional de cana-de-açúcar está estimada em 344 milhões de toneladas e pode crescer pelo menos 5% na próxima safra, com novas áreas no oeste e noroeste de São Paulo, em Minas Gerais e Centro-Oeste do país.

Para Ari Diniz Teles, presidente da associação de Igarapava, os produtores de São Paulo não têm como alternar culturas, em razão da limitada área para agricultura no Estado. “Não há mais terras para que os plantadores de cana invistam em outras culturas”, afirma Diniz. Boa parte desses produtores faz rotação com soja e milho para renovação das lavouras. Mas essas áreas são limitadas a 15% dos canaviais/ano.

Os produtores do Nordeste estão na mesma situação. “Com a topografia acidentada, os plantadores ficam sem opção”, diz Cavalcante. Os produtores nordestinos ainda reclamam do fim do pagamento da equalização para cana da região, que era feito para equiparar com o Centro-Sul. Mas se depender do governo federal, a subvenção não virá mais, de acordo com um fonte do governo. Segundo a fonte, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) não contempla apoio à produção de açúcar, somente de álcool. “Dois terços da produção da cana do Nordeste vai para o açúcar, o que não justifica o apoio.” (MS)

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