JornalCana

Fusão de empresas férreas pode acabar com a ferrovia em Bauru

A cidade de Bauru (SP), que já foi considerada o maior entroncamento ferroviário do país, tem hoje uma via férrea praticamente sucateada. Com a fusão da América Latina Logística (ALL) com a empresa Rumo, concessionária liderada pela Cosan, grupo que produz açúcar e etanol, a história dessa ferrovia pode estar perto do fim na região.

A Rumo passou a comandar quase 13 mil quilômetros de linhas férreas. Em maio, a nova concessionária anunciou a suspensão do transporte de trens entre as cidades de Três Lagoas e Corumbá em Mato Grosso do Sul. O diretor do sindicato dos ferroviários Marcos Antônio de Oliveira conta que, no total, mil quilômetros foram desativados e cem funcionários acabaram demitidos. Ele diz que a empresa Rumo tem interesse nos grandes corredores ferroviários e que, por isso, a linha que corta o Centro-Oeste Paulista corre o risco de em um curto espaço de tempo perder o interesse e a função.

“A tendência é parar, é morrer por si próprio. Está havendo várias demissões, no Mato Grosso do Sul foram cerca de 100 demitidos e aqui está em torno de uns 20 demitidos, também por consequência do corte desse tipo de transporte”, afirma. Em um trecho da ferrovia que sai de Bauru e passa por Mairinque, na região de Sorocaba, com destino ao porto de Santos, circulavam trens carregados com cimento, grãos e combustível. Mas com a decisão da concessionária de diminuir o movimento, apenas trens carregados com placas de celulose vão passar pelo trecho.

Sem investimentos
Não é de hoje que a ferrovia no Centro-Oeste Paulista carece de investimentos. Ela foi importante para o crescimento da região, mas há tempos perdeu a importância. Bauru que foi considerada o maior entroncamento ferroviário do país, vive da memória, afinal passageiros não são mais transportados  e o volume de carga só diminuiu nas últimas décadas.

O economista Reinaldo Cafeo conta que em média o transporte pela ferrovia é 30% mais barato do que o rodoviário, mas com menos trens circulando na região, o transporte terá que ser feito por caminhões. Em resumo, a nova medida da concessionária será um retrocesso para todo o setor. “O custo para a reversão é muito elevado. Se lá atrás com volume de dinheiro menor nós conseguiríamos viabilizar, hoje, seria preciso um trem de dinheiro. Isso quer dizer que vai depender muito do apetite da iniciativa privada. O governo não vai ter recurso e é um projeto de longa maturação, com investimento maciço. E nesse momento não tem parceiros com esse interesse.”

A assessoria da ALL informou que a malha Novoeste continua em operação. Houve redução da circulação de carga de produtos perigosos entre Paulínia e Campo Grande e no caso de combustíveis, foi suspenso o transporte porque a via não oferece condições mínimas de segurança. Sobre a suspensão dos passeios de Maria Fumaça, a concessionária esclarece que são necessários projeto e aprovação da agência nacional de transportes terrestres. Antes a Maria Fumaça em Bauru circulava com autorizações esporádicas para eventos especiais.

Fonte: (G1)

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram