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Furlan critica País por falta de metas de longo prazo

O Brasil não tem metas de longo prazo para crescimento econômico, taxa de câmbio e investimentos em infra-estrutura, e por isso ficou para trás na corrida de crescimento contra a Índia e a China – as estrelas de Davos. A afirmação é do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Numa conversa com jornalistas no centro de convenções onde se realiza o Fórum Econômico Mundial, o ministro disse que “o Brasil tem assumido compromissos públicos com outras variáveis, como inflação e superávit primário”.

Ele exemplificou com o discurso em Davos do vice-primeiro-ministro chinês, Zeng Peyan. “Ele traçou um caminho muito claro, com compromissos e prazos para os próximos cinco anos, como dobrar o PIB até 2010”, observou Furlan. Para o ministro, “o novo plano qüinqüenal chinês obviamente motiva investimentos”. Furlan notou ainda que a China vem crescendo há 27 anos seguidos.

O Brasil, porém, lembrou Furlan, tem metas para o comércio exterior, mas “não tem assumido compromissos públicos de longo prazo sobre crescimento do PIB de longo prazo, nem sobre a taxa de câmbio, nem sobre investimentos em infra-estrutura”.

O ministro disse que essa discussão foi travada no almoço ontem, em Davos, no qual foram debatidos os casos do Brasil e do México, outro país que fez o dever de casa da estabilidade, mas cresce bem menos que os tigres asiáticos e a Índia. Para Furlan, Brasil e México “poderiam ser protagonistas nesse contexto geral, mas perderam velocidade de concorrência com países que há poucos anos representavam alternativas menos atraentes que a nossa”.

No Brasil, ele prosseguiu, hoje há um grande conforto em termos de reservas internacionais e de risco país. “Há uma situação inusitada de serenidade de quem dirige a política econômica e mantém os mercados tranqüilos, mas no final este componente de oportunidade de crescimento está associado à possibilidade de assunção de risco.” Furlan disse que o Brasil ainda tem condição de ser protagonista no crescimento dos emergentes, mas acrescentou: “No momento em que alcançamos metas estabelecidas, obrigatoriamente temos de pensar em desafios novos, além da manutenção daquilo que foi conquistado. Em nenhum momento devemos pensar em abandonar aquilo que se conquistou, mas isto não é uma condição suficiente. É necessária, mas não suficiente”.

Segundo Furlan, se este debate está acontecendo no governo, ele, pelo menos, não participa. O ministro acrescentou que a aceleração do crescimento também está ligada a iniciativas para melhorar o ambiente de negócios e as reformas econômicas. Quanto ao câmbio, disse que é um tema no qual a sua capacidade de influir “é muito baixa”.

ETANOL

Furlan revelou que, durante uma reunião bilateral realizada ontem, o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, demonstrou muito interesse em saber se o Brasil teria condições de abastecer um aumento da demanda mundial pelo etanol. Esse interesse, segundo o ministro, pode indicar que os Estados Unidos começaram a avaliar a possibilidade de firmar uma parceria com o Brasil para o uso mais intensivo do combustível. “Eu disse a ele que tanto na parte industrial como na parte agrícola temos condições de aumentar a oferta do produto, embora isso tenha de ser feito com planejamento”, afirmou Furlan.

Nos vários encontros com executivos de empresas internacionais da área de informática, como a Dell, Microsoft e Intel, Furlan disse que testemunhou uma avaliação positiva das perspectivas do mercado brasileiro.

BALANÇA

Furlan informou que as exportações brasileiras no ano até 25 de janeiro foram de US$ 7,5 bilhões, com importações de US$ 5,3 bilhões. Esse volume de exportações equivale ao de todo o mês de janeiro do ano passado.

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