Mercado

Fundos são contra oferta de Cosan por ALL

Os fundos de pensão Previ e Funcef e o fundo de investimento BRZ procuram, desde a semana passada, um novo assessor financeiro e um jurídico para representá-los na negociação de fusão entre as empresas de logística ALL e Rumo, do grupo Cosan.

As fundações e a BRZ não gostaram da oferta apresentada ontem pela Cosan e que cria uma empresa avaliada em R$ 11 bilhões.

Pela proposta, os acionistas da ALL ficariam com 63,5% da nova companhia, e os da Rumo, com 36,5%. O valor considerado para a operação foi de R$ 10,18 por ação da ALL, o que representa um prêmio de cerca de 60% ante a cotação de sexta-feira na Bolsa. O preço por ação da Rumo ficou em R$ 3,90.

A Folha apurou que os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e Funcef (Caixa) e o BRZ estão insatisfeitos principalmente com dois pontos.

Acham o valor por ação baixo, enquanto a remuneração da Estáter, consultoria contratada pela ALL para negociar a fusão, seria muito alta.

Segundo profissionais que acompanham a negociação, a quantia paga à Estáter pode chegar a R$ 70 milhões, dependendo do valor da nova empresa e da fatia que os novos sócios terão nela.

Fontes ligadas à Estáter negaram à Folha que a remuneração seja um ponto de atrito com as fundações.

Representantes dos fundos disseram sob a condição de anonimato que, na pressa para fechar a operação, a Estáter estaria desconsiderando os seus interesses.

A consulta e a tomada de preços para definir os novos assessores estão sendo conduzidas pela BRZ, que representa os fundos Funcef, Petros, Postalis, Forluz e Valia.

Procurados, os fundos de pensão e o BRZ não se manifestaram sobre a oferta.

O aval das fundações é determinante para a conclusão da operação. Dos 4 fundos no acordo de acionistas da ALL (BNDESPar, BRZ, Previ e Funcef), ao menos 2 precisam aprovar a fusão –o do BNDES já deu seu aval ao negócio.

O clima da negociação pode esquentar, pois o presidente da Cosan, Marcos Lutz, descartou apresentar nova oferta aos acionistas da ALL. “A proposta que temos é só essa, nenhuma outra”, disse.

Encaminhada ontem, a oferta tem 40 dias para ser avaliada pelo conselho de administração da ALL. Se aprovada, também deverá ter aval de assembleia de acionistas.

A operação ainda deve passar pelo crivo do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Há cerca de dois anos, as restrições impostas pelos fundos de pensão impediram uma primeira tentativa da Cosan de comprar a ALL.

A fusão, se concretizada, colocaria fim à disputa judicial entre as empresas, que se acusam de não cumprimento de um contrato entre elas. Além disso, geraria ganhos de sinergia nas operações, ainda não detalhados.

Os investidores receberam bem a proposta de fusão: as ações da ALL subiram 8,74% ontem, e as da Cosan, 3,5%.

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