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Fundadores do Google elogiam Brasil pelo etanol e mercado aberto

SÃO PAULO, Dois rapazes de camisetas amarelas da seleção Google chegam a uma entrevista, agendada poucas horas antes, justificando que qualquer resposta menos certeira se deve ao “jet lag” entre a Suíça, onde estiveram no Fórum Econômico Mundial que se encerrou domingo, e a visita ao recém inaugurado escritório de São Paulo.

Sorridentes sob os flashes, como capitães de uma seleção, eles são Larry Page e Sergey Brin, dois dos co-fundadores e co-presidentes do Google, gigante de busca na Internet. Pelo relato deles, o destaque dessa primeira viagem ao Brasil foi conhecer na manhã desta segunda-feira como se produz etanol, na Cosan , maior exportadora de açúcar individual do mundo, no interior de São Paulo.

Era uma curiosidade, não negócios, argumentaram. Involuntariamente até, eles revelaram como a inovação é o motor desses jovens homens de negócios que listam a criatividade e a habilidade em solucionar problemas como as principais características de um profissional com o perfil Google.

“Só queríamos aprender. Até poderia haver interesse como investimento, mas não sei se eles precisam disso agora”, comentou Brin sobre a Cosan, que recentemente captou 770,23 milhões de reais com sua primeira oferta de ações na Bovespa. “Queríamos ver pessoalmente a escala incrível que ganhou essa alternativa real ao petróleo”, disse.

“Acabamos de vir de Davos, e fiquei surpreso com o nível de interesse nos últimos meses quanto à liderança do Brasil em etanol mundialmente”, comentou Page. “Acho que muita gente tem esperança no que vocês desenvolveram aqui”, afirmou.

Outras reuniões, essas de negócios, houve, mas eles se recusaram a comentar. A agenda toda dos executivos não foi divulgada, embora eles devam ir ao Rio de Janeiro e talvez a Brasília, segundo uma fonte. Medidas de segurança foram tomadas, como informação restrita sobre o hotel onde estão hospedados. Durante a entrevista, no entanto, os dois se recusaram a comentar as medidas de segurança e elogiaram o Brasil.

Há cerca de um ano estiveram na China e na Índia, mercados em franca expansão e concorrentes diretos do Brasil na atração de investimentos. Segundo Brin, o mercado brasileiro é mais receptivo. “O Brasil não tem uma série de dificuldades de outros países, é uma economia razoavelmente livre. Consideramos que é um lugar fácil de fazer negócios e o nosso negócio vai crescer muito”, afirmou.

Se na China o Google teve que se dobrar a restrições do governo aos serviços de Internet, no Brasil, o Orkut é uma comunidade que ganhou milhões de adeptos brasileiros e com o qual os executivos admitem que se possa experimentar novas fontes de receitas. Eles não deram detalhes.

CELULAR É A CHAVE

A aposta do Google para Brasil e México, países em que o gigante da Internet fez investidas recentes inaugurando escritórios no final de 2005, é usar a grande massa de celulares ativos já que a base de internautas cresce, mas ainda é menor que o mercado de telefonia móvel.

A vice-presidente para Operações na Ásia, Pacífico e América Latina, Sukhinder Singh Cassidy, disse que isso é prioritário. “O Brasil para nós é uma área-chave de investimento e o tamanho do mercado, 80 milhões de celulares, cria uma grande oportunidade”, afirmou. Ela não quis comentar como andam as negociações para esse segmento no Brasil nem deu estimativa de lançamento de serviços Google nessa plataforma.

Muito vai depender, de acordo com a executiva, de ter engenheiros locais e internacionais suficientes para atender a todas as prioridades dentro da empresa. “Nossa maior restrição não é dinheiro, são máquinas e pessoas”, comentou.

No mercado brasileiro, onde o Google tem um centro de pesquisa e desenvolvimento decorrente da aquisição da empresa Akwan, de Belo Horizonte, o desafio é contratar os melhores profissionais do país, segundo o diretor-geral, Alexandre Hohagen.

Tanto no Brasil quanto no México, segundo Cassidy, será preciso também divulgar às pequenas empresas o modelo de negócios de links patrocinados do Google.

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