JornalCana

Frete do açúcar também está mais elevado

Afetado pela grande safra de grãos, o frete de açúcar da nova safra canavieira (2013/14) já está mais elevado que o patamar registrado no ciclo anterior. Grupos sucroalcooleiros estão renovando contratos para o transporte de açúcar a preços até 25% mais altos que no ano passado. Os valores mais altos respingaram no volume remanescente da safra 2012/13, cujo embarque segue atrasado em Santos devido, entre outros fatores, ao movimento de caminhões e navios na região portuária.

O grupo São Martinho, um dos principais do segmento sucroalcooleiro, deixou para embarcar no quarto trimestre da safra 2012/13 (de dezembro e 31 de março) cerca de 200 mil toneladas de açúcar, para tentar obter preços melhores do que os praticados no trimestre anterior. A empresa até antecipou o transporte da carga para Santos para evitar o congestionamento, mas não conseguiu fugir dos preços mais altos, conforme Helder Gosling, diretor-comercial e de logística do grupo.

“Parte do volume já pegou preços mais altos, equivalentes aos de pico de safra de açúcar. Foi uma combinação entre os reajustes de diesel e o aumento da demanda por frete devido à grande produção de grãos. Não vejo um cenário positivo para os fretes”, diz Gosling. Ele lembra que não existe hedge de frete e que, por isso, a companhia, como ocorre em todos os anos, começou a negociar o serviço para transportar açúcar da safra 2013/14. E as perspectivas não são das melhores. “Se formos nos espelhar nos preços que estão sendo praticados agora, esses contratos novos devem ficar, no mínimo, de 20% a 25% mais caros que no ano passado”, afirma o executivo.

O custo logístico (transporte até o porto e carregamento no navio) representa cerca de 25% do preço final do açúcar. Com essa alta dos fretes, essa participação vai ser ampliada em cinco pontos percentuais, segundo Gosling. A companhia produziu no ciclo 2012/13, que está na reta final, 970 mil toneladas de açúcar. Em torno de 65% da commodity produzida na unidade São Martinho em Pradópolis (SP) segue por ferrovia, meio de transporte negociado com contratos de longo prazo, menos suscetíveis, portanto, à “explosão” de preços. Os outros 35% seguem por rodovia. “O escoamento da commodity dessa unidade via rodovia é mais competitivo”, explica.

A Copersucar, que em 2012/13 comercializou 8,7 milhões de toneladas de açúcar – 25% da produção do Centro-Sul – também antevê alta do preço do frete rodoviário de açúcar no próximo ciclo. As negociações do volume das usinas sócias – que em 2012/13 foi de 6,3 milhões de toneladas – indicam um reajuste desse serviço de 12%, segundo o presidente do conselho de administração da Copersucar, Luís Roberto Pogetti.

Ele lembra, porém, que esse aumento incidirá apenas na parcela transportada por caminhão – ou seja, metade do volume produzido pelos sócios. “O preço da logística terrestre é US$ 37 por tonelada. Com o aumento de 12%, o valor sobe em US$ 4 por tonelada sobre o volume que segue por rodovia”, afirma.

Fabiana Batista

Fonte: Valor Econômico

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram