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França quer etanol fora de acordo UE-Mercosul

A França resistirá a um acordo comercial União Européia-Mercosul que abra o mercado europeu para a importação de etanol brasileiro. Foi o que indicou ao Valor o ministro de Finanças francês e até recentemente ministro de agricultura, Hervé Gaymard.

“Se o Brasil exportar etanol para a Europa, vai impedir que nossa própria indústria decole nessa área e aí não dá”, argumentou.

A posição francesa reflete a dificuldade para destravar a negociação birregional, enquanto as chancelarias definem novas reuniões com esse objetivo: a dos negociadores-chefes dos dois blocos na terceira semana de março em Bruxelas e a conferência de ministros em Assunção (Paraguai) em meados de abril.

Em Bruxelas, a nova Comissão Européia, presidida pelo português José Manuel Durão Barroso, quer impulsionar o crescimento e abrir um pouco mais o mercado europeu. Mas sua margem de manobra é limitada. Na discussão com o Mercosul, a trava continua: agricultura. A comissão não tem o como melhorar muito as ofertas ao Mercosul, porque elas não passariam pelo Conselho dos Estados-membros.

Até recentemente, negociadores europeus acenavam liberar 60% das cotas para o Mercosul imediatamente após o acordo. Dos produtos sensíveis, só as 600 mil toneladas de etanol não seriam liberalizadas imediatamente, mas em três anos, para dar tempo ao setor privado europeu de concluir investimentos.

Mas o ministro francês Gaymard, dois dias depois do encontro Lula-Durão Barroso em Davos, na semana passada, já colocava freios no projeto europeu. Primeiro, não topa incluir etanol no acordo, inclusive porque os franceses acham que é uma maneira disfarçada para o Brasil exportar açúcar.

Além disso, Hervé Gaymard insiste em que o Mercosul precisará se submeter aos mesmos padrões sanitários e de bem-estar animal que os europeus – o que aumentará os custos do produtor do Cone Sul com o transporte.

Precisamos dar espaço para os animais, não sermos cruéis com eles, não usarmos antibióticos, porque senão nosso consumidor não vai entender que deixamos entrar um tipo de frango que nós mesmos proibimos na Europa.

O ministro Celso Amorim, que conversou com Gaymard em Davos, minimiza a posição do francês e diz que a vaca brasileira é quase vegetariana.

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