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França estimula uso de álcool em automóveis e Brasil agradece

Ao mesmo tempo em que o governo da França diz que pretende endurecer as restrições ao álcool brasileiro (ver matéria abaixo), o país europeu anuncia programas para estimular a utilização do etanol no tanque de seus automóveis. O ministro das Finanças francês, Thierry Breton, disse ontem que pelo menos 500 bombas de etanol E85 serão instaladas nas principais cidades francesas e nos principais postos de serviços em rodovias até 2007. O objetivo principal é reduzir a dependência da França de derivados do petróleo,;

“Pela primeira vez, os consumidores franceses vão ter largo acesso aos postos de combustíveis”, disse Breton em uma conferência para lançar um relatório sobre carros bicombustíveis. “Temos de nos preparar para a nova situação de energia que está pressionando a nossa economia”, acrescentou.

A França tem um sistema com 13 mil bombas de combustíveis. O E85 tem uma mistura de 85% de etanol, derivado de beterraba ou cereais.

No Brasil, o presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), Eduardo Carvalho, afirmou, por e-mail, que a disposição da França em criar um mercado de etanol favorece o Brasil. “Isso vem ao encontro do objetivo brasileiro de transformar o etanol numa commodity ambiental, um produto que seja comercializado em bases regulares no mercado internacional”, disse.

Segundo Carvalho, é preciso ficar claro que o Brasil não quer se transformar em um “Arábia Saudita do etanol” e que existe um enorme potencial de desenvolvimento para o etanol de cana-de-açúcar – ou de outras matérias-primas – no continente africano e em países como a Índia, Tailândia, Colômbia, China “Temos a consciência de que os mercados só serão criados, de fato, se houver produção e uso no maior número possível de países”, afirmou.

Quanto a mecanismos de proteção de mercados locais, Carvalho diz que essa questão “deve ser negociada no âmbito da OMC e das discussões biregionais, no caso, entre o Mercosul e a União Européia”.

O relatório francês sobre biocombustíveis, coordenado pelo ex-corredor de Fórmula 1 Alain Prost, recomendou que o E85 deveria ser beneficiado com impostos reduzidos para incentivar os consumidores a usá-lo. “O E85 deveria ser mais barato que a gasolina e próximo do preço do diesel”, disse Breton. Ontem, uma pesquisa mostrou que 89% dos entrevistados na França estão prontos a comprar carros que rodam com biocombustíveis.

A produção de biocombustíveis da França é, sobretudo, de biodiesel. A maior parte desse combustível é produzido a partir de colza e depois misturado ao diesel convencional. Cerca de 75% dos carros franceses rodam com diesel, e esse índice deve crescer nos próximos anos.

O ministro da Agricultura Dominique Bussereau disse que a França tem capacidade de atender a demanda para a produção de etanol sem necessitar de importações ou ameaçar o suprimento destinado ao consumo humano. “Temos de estar atentos nas próximas negociações (da Organização Mundial do Comércio): nós não devemos substituir a dependência de importação de uma energia fóssil pela dependência de um biocombustível importado”.

Breton afirmou que cinco fabricantes estariam se posicionando para fornecer carros biocombustíveis em 2007: a norte-americana Ford, a sueca Saab e a Volvo, além das francesas PSA Peugeot Citroen e Renault .

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