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Fornecedores de cana perdem mais de R$ 68 mi

Em apenas quatro meses de safra, os fornecedores de cana-de-açúcar de Alagoas perderam R$ 68,28 milhões de faturamento. É o que revela estudo elaborado pelo departamento técnico da Asplana (Associação dos Plantadores de Cana-de-Açúcar de Alagoas).

Entre setembro e outubro de 2002, o faturamento dos fornecedores de cana-de-açúcar do Estado foi de R$ 266,04 milhões. Em igual período de 2003, o faturamento caiu para R$ 197,75 milhões. A perda de receita nominal, de um ano para o outro, é de 25,6%.

De acordo com José Walter, técnico responsável pelos cálculos, as perdas foram provocadas basicamente pela diferença de preço da tonelada de cana-de-açúcar de uma safra para outra.

A produção dos fornecedores acumulada entre setembro e dezembro de 2003, de 6,51 milhões de toneladas, é praticamente a mesma de igual período de 2002. Mas, em contrapartida, o preço da matéria-prima caiu mais de 25%. O preço médio recuou de R$ 40,81 (safra 2002/2003) para R$ 30,33 (2003/2004). A diferença chega a menos R$ 10,48 por tonelada de cana-de-açúcar.

Mercado

Segundo o presidente da Asplana, Edgar Antunes, o preço da tonelada de cana em dezembro não cobria sequer os custos de produção. O problema é decorrente do comportamento do mercado. Há excesso de oferta de açúcar e de álcool. “Acreditamos que o mercado vai se recuperar. Mas até lá precisamos sobreviver. O governo precisa fazer alguma coisa. Do contrário, o fornecedor de cana será vaporizado”, alertou. “Como saída emergencial só vejo a liberação imediata dos recursos do programa de equalização de custos da cana-de-açúcar. Ou é isso, ou a quebradeira será grande”, reforçou.

As estimativas dos produtores é de que o governo federal deixou de repassar R$ 600 milhões da equalização ao setor sucroalcooleiro nordestino entre os anos de 2002 e 2003. “Esse é um recurso garantido por Lei. Se o governo Lula retomar o programa e liberar os recursos atrasados poderá estar decretando a falência dos fornecedores de cana”, advertiu Antunes.

Agravamento

O presidente da Asplana disse, ainda, que a situação hoje é ainda mais grave. “Em janeiro o quadro se agravou por causa das fortes chuvas, que reduziram o rendimento industrial e, conseqüentemente, o preço da matéria-prima. Teve fornecedor vendendo cana a menos de R$ 20 por tonelada”, resume.

A Asplana promete concluir essa semana um levantamento completo sobre as dificuldades enfrentadas pelos fornecedores de Alagoas, decorrentes de problemas climáticos.

“Só na região de Penedo, os fornecedores perderam mais de 70 mil toneladas de cana-de-açúcar por causa das chuvas”, revelou o diretor técnico da Asplana, Antônio Rosário. “O maior problema é que a área atingida, a do projeto Boacica, é formada por pequenos fornecedores, que tem em média três hectares de cana. São quase 300 produtores, a maioria com dívidas nas usinas Marituba ou Paisa e no Banco do Nordeste”, completou.

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