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Força-tarefa suspende corte de cana em Pontal

Oito grupos de boias-frias tiveram o trabalho suspenso ontem por uma blitz em lavouras de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, mais tradicional polo do país.

Devido à falta de equipamentos de proteção, cerca de 360 trabalhadores rurais da Agrícola Bazan foram mandados para casa, por ordem do grupo de fiscalização rural do Ministério do Trabalho, que atuou em parceria com o Ministério Público do Trabalho e a Fundacentro.

Os principais motivos alegados pelos fiscais para a paralisação do corte foram a falta ou deterioração de equipamentos como luvas, óculos, roupas, facões, caneleiras e botas -todos considerados imprescindíveis para a segurança do trabalhador, segundo o auditor do trabalho João Batista Amâncio.

À fiscalização, os trabalhadores de um dos grupos que tiveram o corte interrompido -cada um tem, em média, 45 trabalhadores- relataram que a empresa não disponibiliza os equipamentos com a regularidade necessária. Segundo J.S., as duas peças de seu uniforme foram entregues no começo da safra e já estão desgastadas.

“Alguns usam bermudas e roupas próprias por cima do uniforme, para não estragar a roupa da usina”, afirmou a auditora do Ministério do Trabalho Irani Godoy.

Luvas e botas sofrem o mesmo problema. Os pares de botas também foram entregues no início da safra e estavam deteriorados. Durante a fiscalização, muitos boias-frias não usavam luvas e óculos.

O argumento deles é que, para pegarem outro equipamento, devem assinar uma advertência -três rendem três dias fora da lavoura, sem produção e com desconto de um dia de trabalho (R$ 17). O prejuízo pode passar de R$ 100, segundo J.S., já que os boias-frias ganham por produção.

Prejuízo também é o motivo alegado pelos trabalhadores para comprarem, com o próprio dinheiro, facões. Segundo J.A.S., 23, um facão corta a cana com eficiência por 15 dias -a usina, porém, só disponibiliza uma peça por mês, ou até mais.

Para produzir mais, os trabalhadores preferem comprar novos facões, que custam cerca de R$ 20. Outros equipamentos também são comprados com dinheiro próprio.

Além dos equipamentos, a força-tarefa também se deparou com jornadas de trabalho excessiva, transporte inadequado e falta de banheiros e de água, segundo o procurador Charles Lustosa Silvestre.

A Folha procurou a Bazan para comentar as irregularidades. Um representante da empresa, em frente à usina, não quis se pronunciar. A reportagem voltou a entrar em contato, por telefone, à tarde, mas ninguém foi encontrado. Aos fiscais, a informação foi de que a jornada de ontem será paga aos trabalhadores.

No total, a força-tarefa fiscalizou cinco usi nas e empresas agrícolas. Os problemas encontrados serão levados às empresas, que serão autuadas.

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