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Focando energia, fundos levam preço do açúcar a novos patamares

Os preços do açúcar, no nível mais alto em quase cinco anos, estão entrando em território desconhecido, em um cenário onde fundos de investimento mostram interesse nunca visto pela commodity, que traders acreditam está cada vez mais ligada ao mercado de energia.

Depois dos futuros de açúcar bruto terem atingido o novo pico em quatro anos e meio na semana passada, chegando a 10,35 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, alguns analistas dizem que ele poderá ultrapassar a barreira dos 11 centavos neste ano.

“O mercado mundial (de açúcar) está se aproximando de águas desconhecidas e instáveis”, afirmou Sergey Gudoshnikov, economista sênior da Organização Internacional do Açúcar (OIA), sediada em Londres.

Ele se referia ao grande interesse de fundos de investimento pelo produto e ao foco do mercado no álcool carburante, um biocombustível, como resultado dos preços recordes do petróleo no mercado internacional.

“Muitos fundos consideram o açúcar como um produto do setor de energia, em vez de um produto agrícola”, afirmou.

De acordo com o último relatório da posição dos operadores (Commitments of Traders), divulgado na última sexta-feira, os especuladores estão com uma posição comprada de cerca de 170 mil contratos nos futuros do açúcar bruto em Nova York, um recorde histórico.

Traders dizem que esta situação joga o mercado em uma posição extremamente volátil, com potencial para grandes quedas ou altas, de acordo com as ordens que os fundos derem para mudanças nas suas posições.

ÁLCOOL

Com os preços do petróleo ficando cada vez mais firmes, devido aos estoques apertados e à grande demanda, os mercados de energia buscam alternativas aos caros combustíveis fósseis, sendo o álcool, ou etanol, um dos mais importantes.

Traders dizem que a recente alta no petróleo impulsionou também os futuros do açúcar, já que isso pode levar o Brasil, maior produtor mundial, a direcionar mais cana para a produção de álcool, em vez de açúcar, reduzindo a disponibilidade internacional deste último.

Analistas observam de perto os dados sobre a proporção de uso da cana pelas usinas no Brasil para a produção de açúcar e álcool. Na atual safra o setor tem elevado o direcionamento de cana para produção do combustível.

A demanda por álcool tem crescido muito no Brasil com o sucesso de vendas dos carros bicombustível, em um cenário de preços cada vez maiores do petróleo. O país tem um setor de álcool sólido, tanto para produção como para distribuição.

Analistas dizem que a situação de oferta e demanda atual no açúcar não justificaria a alta vista nos futuros, já que existe quase uma situação de equilíbrio no mercado físico.

A última estimativa da analista alemã F.O. Licht indicou produção em 2004/05 em 146,4 milhões de toneladas, ante consumo de 145,1 milhões.

Traders notaram forte demanda por açúcar de países como Rússia, Índia e Paquistão, mas disseram que o Brasil teria capacidade de absorver esta demanda.

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