JornalCana

Flex – Novidade com história

A Fiat inaugurou a era do álcool combustível no Brasil em 1976. Durante a crise do petróleo, o Brasil desenvolveu uma alternativa energética nacional e renovável, que podia ser usada sem grandes mudanças nos processos industriais das montadoras. No início da década de 1990, donos de carros a álcool enfrentaram uma crise de abastecimento e o combustível praticamente caiu no esquecimento. Hoje, os motores flexíveis reabilitaram o álcool, mas o que pouca gente sabe é que o etanol era usado em carros desde o século XIX e que nem mesmo os bicombustíveis são assim tão novos.

As origens do álcool combustível estão no distante ano de 1826, quando o primeiro protótipo de motor a combustão interna dos EUA usava uma mistura de álcool etílico e terebentina. Na época, a maioria dos experimentos era voltada para os motores a vapor e a idéia foi abandonada. As pesquisas com motores a explosão só retomaram o fôlego após a descoberta do petróleo, em 1859, com o engenheiro Nicholas Otto. O próprio inventor alemão usou álcool em alguns de seus projetos, chegando até a bolar um carburador que esquentava o álcool para permitir a partida em dias frios. Mas porque o álcool não prevaleceu?

Popularização

Nos Estados Unidos, o preço era a maior barreira para a popularização do álcool. Desde 1862, o produto pagava imposto de 2,08 dólares por galão (3,8 litros) para ajudar a pagar as despesas com a Guerra Civil. Para completar o cenário desfavorável, os grandes barões do petróleo garantiam um fluxo constante de gasolina a preços baixos como forma de se perpetuarem no mercado. O imposto sobre o álcool foi derrubado em 1906, mas a descoberta de novas jazidas de petróleo no Texas fez despencar o preço da gasolina e o futuro do álcool parecia incerto.

Mesmo com estas limitações, muitos carros produzidos durante as décadas de 1900 e 1910, como o Ford T, tinham um sistema de avanço de ignição e carburadores ajustáveis que permitiam que rodassem com gasolina, álcool ou querosene, mas não a mistura em qualquer proporção, como nos flex – Henry Ford era um grande defensor do combustível.

Na Europa, principalmente na Alemanha, o entusiasmo pelo álcool era maior. A dificuldade de partida em baixas temperaturas poderia ser solucionada com a adição de pequenas quantidades de éter. Mas a rede de pequenas destilarias que produziam o combustível dificultava a distribuição. Durante a I Guerra Mundial, no entanto, um programa de conversão em massa foi promovido no país. O historiador Robert Tweedy em seu livro Industrial Alcohol (Álcool Industrial) conclui que a Alemanha não conseguiria resistir até 1917 se o álcool não fizesse parte da cadeia de produção . Mesmo na Europa, no entanto, o preço do álcool só era competitivo quando subsidiado pelos governos.

Compressão

A evolução dos motores nos anos seguintes pedia um combustível que suportasse maiores taxas de compressão do que as possíveis com gasolina. Pesquisas indicavam duas alternativas: a mistura de 15% a 20% de álcool ou algum aditivo em baixas quantidades. Este aditivo, o chumbo tetraetílico, foi descoberto em dezembro de 1921 por pesquisadores da GM.

Inicialmente, o impacto do chumbo para a saúde pública foi questionado, mas pesquisas patrocinadas pela indústria do petróleo demonstraram que os riscos eram mínimos. O aditivo só foi abandonado em 1986, e oferecendo vantagens de custo sobre a mistura com álcool, foi o golpe final contra o combustível vegetal que, apesar de ter sido utilizado em várias misturas até a década de 1950, provavelmente nunca chegou a 5% do volume da gasolina.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram