JornalCana

Flex 1.0 deve conter queda de popular

A chegada dos primeiros modelos 1.0 bicombustíveis populares deve tornar o segmento de flexíveis ainda mais disputado em Maceió. Antes do lançamento dessas versões mais acessíveis, os carros que podem ser abastecidos com álcool e gasolina já representavam entre 30% e 40% do total de novos comercializados. Com a chegada dos 1.0 flexíveis básicos, os Fiat Mille, Palio e Siena e o Volkswagen Gol, esta participação deve saltar para 60% ou 70% nos próximos meses.

Nos últimos anos, as vendas dos automóveis movidos a motores com 1.000 cilindrada, os chamados 1.0, tiveram quedas recordes em relação às demais opções de motores do mercado.

O processo se acelerou definitivamente com a incidência da tecnologia dos motores flexíveis, que funcionam com álcool, gasolina e com a mistura dos dois. Desde 2003, as opções flex se concentram em motores mais potentes. Mas agora, essa mesma tecnologia pode dar um novo empurrão nas vendas dos carros com baixa cilindrada.

Este ano o mercado será inundado por lançamentos com motores flexíveis e uma boa parte deles será 1.0. A Volkswagen e a Fiat fizeram as apostas mais ousadas e saíram na frente. A General Motors também planeja o lançamento de mais modelos populares com motores flexíveis este ano. Até 2004, somente a Volkswagen havia lançado um carro 1.0 com motor flex, o Fox, que não está no nível de preços de um popular. Aconteceu então uma verdadeira migração de consumidores do 1.0 para carros com motorização superior. Afinal, o comprador tirava a diferença do preço ao abastecer com álcool, combustível mais barato do que a gasolina.

QUEDA

As vendas dos populares representavam 71% do total de veículos zero em 2002. O número caiu para 63% em 2003, ano em que surgiu a tecnologia bicombustível. Em 2004, houve nova queda, para 57% do mercado. Em fevereiro de 2005, a participação do 1.0 sobre o total de carros vendidos no mercado brasileiro atingiu seu pior desempenho na história: 53,9%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores de São Paulo (Anfavea). Isto significa que as vendas dos carros 1.0 tendem a cair inexoravelmente? Não, dizem os especialistas. “Não existe uma tendência de redução acentuada dos modelos 1.0. As outras montadoras irão seguir a Volks e a Fiat e também passar a oferecer modelos 1.0 flex”, afirma o economista e consultor automotivo da Tendências, Adriano Pitoli.

Ele, acredita, porém, que a participação de mercado do 1.0 não vai mais voltar a níveis superiores a 70%, como em anos anteriores. “A participação do 1.0 pode ser para mais de 50%, mas não acredito que retorne aos patamares que já assistimos, de 70%, uma vez que hoje a diferença de tributação da motorização entre 1.0 e outras mais elevadas não é tão alta”, afirma. Além disso, a ampliação dos prazos de pagamento e a redução das taxas de financiamento também colaboraram para o crescimento de participação de carros mais potentes.

O diretor-comercial da Fiat Automóveis do Brasil, Lélio Ramos, conta que a montadora italiana também percebeu este movimento de queda do 1.0 a partir do lançamento dos modelos 1.3 flex, em 2003. Mas, agora, com a ampliação da oferta de populares com a tecnologia bicombustível, a empresa acredita na recuperação de participação do segmento 1.0 litro.

A visão dos executivos da General Motors também é no sentido de recuperação das vendas dos populares por meio da nova tecnologia. “O anseio do público em geral é ter um carro com motor mais potente do que o 1.0; seu atrativo é o preço, mantido de forma artificial com imposto menor”, afirma o diretor de marketing da GM do Brasil, Samuel Russell.

EXPECTATIVA

Com tudo isso, há a possibilidade de o motor 1.0 sair da berlinda. Há dois anos, quando a tendência de queda nas vendas dos carros populares começou a ser sentida, as montadoras sustentaram um lobby frente ao governo federal para alterar o conceito de carro popular. As vendas dos populares são incentivadas pelo governo desde 1993, graças à incidência de menor alíquota do IPI sobre esses carros. As montadoras queriam um plano de salvação das vendas, que em 2003 estavam indo mal, mas defendiam impostos menores para carros de maior cilindrada.

Na época, o argumento das empresas era que para as exportações o motor 1.0 era considerado um “mico”: somente o Brasil utiliza motores como este em grande escala. O governo não aceitou diminuir ainda mais os impostos para os carros mais potentes, mas deu uma ajuda para os flexíveis acima de 1.000 cilindrada, na qual incidem os mesmos 11% de alíquota de IPI do carro a álcool (para a gasolina, a alíquota é de 13%). Atualmente, o discurso das montadoras é mais favorável ao “carrinho mil”.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram