Mercado

Fipe vê possibilidade de deflação no IPC

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Paulo Picchetti, manteve sua projeção de que a inflação na capital paulista encerrará o mês com estabilidade em relação ao índice de 0,30% de julho, com a possibilidade de ficar até mesmo abaixo de zero. Na terceira prévia de agosto, o IPC-Fipe voltou a ficar no terreno negativo, em 0,04%, pouco depois de um mês com taxas positivas, mas bem comportadas. O resultado ficou pouco abaixo do piso previsto por um grupo de 17 analistas consultados pela Agência Estado, de -0,05% (o teto era de 0,07%).

A última vez que o IPC-Fipe apresentou deflação foi na primeira quadris semana de julho, quando ficou em -0,13%. Duas pesquisas anteriores também já mostravam taxas negativas: (0,20% no fechamento de junho e -0,15% na terceira prévia daquele mês). “Pelo jeito, vai dar deflação e podemos ver até mesmo um pequeno aprofundamento da queda”, disse Picchetti em relação a agosto. De acordo com ele, a variação dos preços dos produtos comercializados em São Paulo está próxima a zero, com destaque para os alimentos, que seguem com muita volatilidade. Para o ano, ele não alterou a previsão de 5% a 5,5%.

“As três pontas observadas no mês estão negativas, e seria preciso uma alta muito forte na última quadris semana para que o índice suba em agosto”, comentou, acrescentando que, no momento, ele não vê possibilidade de isso ocorrer em algum item específico.

O coordenador destacou que as tarifas públicas, principais impactos de alta no mês, já apresentaram, até o momento, a pressão mais significativa. Dos 19 itens que mais contribuíram com a queda na inflação na terceira quadris semana do mês, apenas seis não pertencem ao grupo alimentação.

O principal destaque é o da energia elétrica, que caiu, em média, 1,37% no período. Desse grupo de seis itens, dois recuaram por causa de fatores sazonais. São eles: viagem (excursão), que caiu 6,09%, com o fim das férias escolares; e o aparelho de telefone celular, que, em média, ficou 14,21% mais barato, com a concorrência entre os fabricantes para as vendas do Dia dos Pais. Entre as maiores altas do período, estão as contas de telefone fixo (4,79%), contratos de assistência médica (1,92%), automóveis usados (1,67%), álcool combustível (5,37%) e uva (22,45%).

FEIJÃO E MELANCIA

De acordo com Picchetti, os preços dos alimentos devem ficar, na média, ainda mais baratos no fim de agosto, apesar da alta do feijão, que vem ocorrendo desde o início do ano. Segundo o coordenador, o grupo, que ficou negativo em 0,96% na terceira prévia do mês, aprofundou a queda para 1,30% na semana passada. Na anterior, apresentava deflação de 1%.Omaior destaque de queda entre os alimentos foi a melancia, que caiu 10,16%.

No acumulado do ano até a terceira quadris semana de agosto, o feijão já subiu 32,48%, enquanto produtos como arroz (13%), frango (14%), óleo de soja (13%), batata (6,2%) e carnes bovinas (8,5%) ainda mantêm queda no período. “O feijão há muito tempo contraria a trajetória geral do grupo alimentação”, afirmou o coordenador. A boa notícia, segundo Picchetti, é que na próxima semana este item tem grandes chances de figurar na lista das maiores baixas porque, na ponta ao consumidor, ele já aprofundou a deflação de 2,5% para 3,5%.

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