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Finlandês VTT desenvolverá etanol de 2ª geração no Brasil

O Centro de Pesquisa Tecnológico da Finlândia (VTT) inaugurou ontem um centro de pesquisa na cidade de Barueri (SP), com o intuito de buscar parcerias no País para desenvolver estudos, a partir do ano que vem, para a utilização do bagaço e da palha da cana-de-açúcar na produção de etanol. Desta forma, as usinas brasileiras poderão contar com mais uma opção para aumentar a produtividade da cana em relação ao etanol.

A organização finlandesa que já realizou estudos para o uso de biomassas na criação de etanol a partir da madeira na Europa, contou que a aposta no Brasil já era estudada há algum tempo, mas a parceria com a empresa Kemira, multinacional do setor químico, acelerou esse processo de instalação no Brasil. “Com essa parceria com a Kemira inauguram os este centro de pesquisa e desenvolvimento em São Paulo, e poderemos contribuir com a sociedade empresarial e também compartilhar nosso conhecimento com institutos de pesquisas locais voltados a biomassas”, afirmou com exclusividade ao DCI, Nilson Zaramella Boeta, diretor-geral da VTT no Brasil.

Boeta disse que a ideia é levantar todas os setores produtivos que podem gerar tecnologias novas para as biorrefinarias, e a partir daí buscar parcerias com institutos de pesquisas nacionais, universidades e empresas privadas para desenvolver primeiramente um estudo para a produção do etanol de segunda geração a partir do bagaço da cana-de-açúcar. “Vamos começar a procurar parcerias no Brasil, quer seja com outros institutos de pesquisas, com universidades ou com empresas privadas que trabalham na cadeia do etanol como a Cosan, ou a São Martinho e todas as outras que atuam nesse setor. Inicialmente começaremos com 5 cientistas, e conforme a demanda for aumentando podemos chegar a 30 pessoas na equipe”, comentou o diretor.

Atualmente, o etanol produzido no Brasil é extraído do caldo da cana e a biomassa restante é queimada para gerar energia nas usinas. Boeta contou que os estudos da VTT serão voltados a extrair mais etanol desse bagaço e palha remanescentes da primeira moagem. Segundo ele, após a retirada do caldo da cana, enzimas são adicionadas ao processo para digerir as hexoses extraídas a partir da decomposição da garapa, gerando o etanol de primeira geração. Os estudos irão analisar justamente a outra parte da decomposição que são as pentoses. “A decomposição da cana é dividida em duas cadeias de açúcares, as pentoses e as hexoses. Essa ultima já é usada no processo do etanol. A outra parte é a pentose. E não existem hoje enzimas capazes de produzir etanol a partir dela. A VTT tem a tecnologia de transformar a pentose em açúcar, se baseando nas madeiras européias, mas isso é adaptável a cana-de-açúcar”, explicou Boeta.

A VTT espera conseguir parcerias para a pesquisa ainda este ano, para o inicio dos trabalhos já no ano que vem, com prazo de entrega em três ou quatro anos. “Essa pesquisa que pretendemos fazer é a médio e longo prazo. Não é uma coisa tão rápida. É um trabalho que começa agora e gera frutos depois de 3 ou 4 anos. O trabalho mesmo deve começar a partir do ano que vem”. O diretor-geral afirmou que o Brasil foi a escolha óbvia para este tipo de pesquisa, “já que o potencial do mercado de matérias primas do País é imensurável”.

“O importante nesses projetos é avaliar o potencial do mercado e isso o Brasil possui bastante. Um país que é imbatível em fontes renováveis de energia, além de ter sol o ano todo, muita terra e conhecimento agrícola para fazer bom uso das matérias primas, seja com resíduos de soja, trigo, milho ou cana. Se tiver que dar certo isso será aqui”, comemorou Boeta. “A escolha do Brasil foi pelo potencial de crescimento agropecuário que o possui. O País está crescendo muito, e será um importante centro para fornecimento de matérias primas para o mundo inteiro nos próximos anos”.

A VTT atua em diversos países como a China, Japão, Coréia do Sul, EUA e Europa. Entretanto o centro de pesquisa é o primeiro fora da Finlândia. “Queremos ser reconhecidos como um instituto de pesquisa de nível internacional, flexível, moderno e confiável, proporcionando as empresas brasileiras a capacidade de competirem internacionalmente no ambiente tecnológico”, finalizou.

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