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Fiesp revela primeira queda do ano

O nível de emprego na indústria de transformação paulista caiu pela primeira vez no ano. O recuo foi de 0,26% em agosto ante julho. No período, foram eliminados cinco mil postos de trabalho, conforme divulgou ontem a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Esse é o pior resultado desde dezembro de 2005, quando houve queda de 1,62%. De janeiro a agosto, o indicador registrou alta de 3,46%, com geração de 72 mil vagas, enquanto nos últimos 12 meses o crescimento foi de 1,27%.

Na avaliação do diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, Paulo Francini, o recuo de agosto já era esperado diante da quase estabilidade verificada nos dois meses anteriores, quando o emprego registrou variação positiva de apenas 0,02% e 0,07% respectivamente. Segundo ele, o resultado inaugura uma fase de perda de empregos que não é comum para essa época do ano.

“A queda reflete a evolução do nível de atividade da indústria de transformação nos últimos meses, que apresenta frouxidão devido ao estrago causado pela valorização cambial”, enfatiza, completando que o emprego reage com defasagem em relação à evolução da indústria.

Diante desse quadro, a Fiesp reduziu a projeção para o crescimento do emprego industrial em São Paulo de 2% para 1% em 2006, o que significa a criação de 20 mil postos de trabalho. “O emprego da indústria de transformação deverá passar por um período ainda pior, pois ainda teremos que enfrentar as quedas que ocorrem nos meses do final do ano”, diz Francini.

Segundo ele, a valorização cambial tem aumentado as importações com reflexos negativos sobre a produção interna e sobre os preços de alguns setores intensivos em mão-de-obra. Os setores que mais eliminaram vagas foram os de fabricação de móveis e indústrias diversas (–2,07), material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (–1,62%) e coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool, com queda de 1,36%. Sobre o segmento de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações, que inclui a produção de aparelhos celulares e televisores, Francini destaca que ainda há uma “ressaca” do efeito Copa do Mundo, que causou a antecipação das compras.

Ele disse ainda que o setor que mais criou postos de trabalho no mês passado foi o de fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (5,48%), favorecido por políticas de isenção tributária e pelo maior acesso da população a computadores.

A diretora da MB Associados, Tereza Fernandez, acredita que a tendência é de continuidade das demissões na indústria paulista até dezembro. “A taxa de desemprego pode até não deteriorar muito por conta das encomendas de fim de ano, mas também não há expectativa de melhora devido à falta de confiança de empresários dos setores mais afetados pela valorização do real.”

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