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Ferrovias prevêem receber R$ 3,5 bi de aportes

O setor ferroviário, impulsionado pelo incremento de aportes dirigidos à produção de minério de ferro e a maior competitividade do Brasil no segmento agrícola, deve receber mais de R$ 3,5 bilhões de investimentos neste ano. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) prevê umcrescimento de9,2% do setor, mesmo sem ter recebido, até o momento, investimentos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. O PAC prevê aportes demais de R$ 7,8 bilhões até 2010 – R$ 1,6 bilhão apenas neste ano -, o que representa a construção, adequação, duplicação e recuperação de 2.500 quilômetros de ferrovias, em quatro anos. “Nada do PAC foi disponibilizado até agora ao setor. O projeto está num estágio de avaliações, está lento, mas esperamos que, no segundo semestre , haja uma aceleração de investimentos”, comenta Rodrigo Vilaça, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).

Atualmente com uma malha ferroviária de 28 mil quilômetros, Vilaça projeta a expansão de 2. 500 quilômetros até 2010, o que considera pouco. Para ele, clientes tradicionais, que transportam cargas como material de construção, químicos e carga geral, devem apresentar maior crescimento neste ano. “A carga conteinerizada deverá crescer mais de 26% neste ano. A Região Centro-Oeste deve receber o maior investimento, em função das novas fronteiras agrícolas e minerais, grandes alavancadores do sistema de ferrovias”, prevê. A MRS Logística, concessionária que controla 1.674 quilômetros da malha, planeja investir R$ 700 milhões este ano.

Segundo Henrique Aché Pillar, diretor financeiro de Desenvolvimento e de Relações com Investidores, a MRS deve ampliar em até 15% a movimentação de carga em 2007. Os terminais intermodais representam uma das principais estratégias para a companhia. De acordo com Vilaça, desde 2006, foram inaugurados 46 dos terminais no Brasil. Com as áreas de mineração e siderurgia num ritmo de crescimento acentuado, Aché Pillar ressalta que a movimentação de contêineres e produtos agrícolas também tem obtido destaque. No primeiro trimestre, o segmento agrícola cresceu 60,3% na MRS, ante o mesmo período de 2006. Como próximo passo, a empresa está desenvolvendo operações dirigidas ao setor de cargas frigorificadas, no trecho entre São Paulo e Santos. “Éum projeto embrionário. Estamos testando este segmento; ainda não sabemos o que esperar”, ressalta o diretor.

Aquisições

Em março, a MRS financiou, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$241 milhões, a compra de 2.865 vagões e outros equipamentos. Em 2007, o grupo deve adquirir 10 locomotivas novas, 38 usadas e 273 vagões gôndola. Parcerias com empresas de grande porte, como Companhia Fomento Mineral (CFM), Votorantim Metais e Wilson&Sons, também já foram renovadas ou estabelecidas. Já a América Latina Logística (ALL), com quem a MRS mantém aliança para a construção do terceiro trilho no acesso ao Porto de Santos, prevê ampliar a atuação, com foco na capacidade ociosa da malha ferroviária, que está em torno de 80%. Recursos obtidos em 2006 junto a uma linha de investimentos do BNDES, no valor de R$ 1,2 bilhão, para projetos no período 2007-09, devem contribuir com o crescimento. Só neste ano, a estimativa de investimentos da ALL, cuja malha ferroviária totaliza aproximadamente 21 mil quilômetros, é da ordem de R$ 500 milhões. Com o valor, serão recuperadas 40 locomotivas e 1.800 vagões da frota morta da antiga Brasil Ferrovias, além da troca de 20 mil toneladas de trilhos e da instalação de 340 detectores de descarrilamento.

Carlos Augusto Moreira, gerente financeiro e de Capital de Giro da ALL, pondera que as regiões Norte e Sul são as que possuem maior capacidade ociosa e devem ter maior crescimento de movimentação nos próximos anos. Assim como a MRS, uma das principais ferramentas que a rede tem utilizado para desenvolver projetos é a atuação em parceria com os clientes, que investem na aquisição de vagões, na instalação de ramais e de terminais próprios. Um dos principais focos de mercado para os próximos anos é o de cana-de-açúcar. Atualmente, o transporte de açúcar a granel é pequeno e o de álcoo é `insignificante, segundo Moreira.

Desde o iníciodo ano,a ALL participa de estudos de mercado desenvolvidos por grandes empresas do setor debiocombustíveis, para avaliar a demanda de transporte. “O objetivo da ALL é entrar como parceira em projetos de logística para o setor, que se mostra como uma nova oportunidade”, diz o diretor. A participação provavelmente será com a construção de terminais de carregamento próximo aos trilhos eestruturas modais para o transporte exclusivo dos produtos. A ALL também está intensificando o foco na integração entre a malha ferroviária da América do Sul. O Terminal Intermodal de Uruguaiana (RS), que integra Brasil e Argentina, recebeu este mês uma travel lift (ponte rolante) de R$ 1,4 milhão, equipamento com capacidade para movimentar simultaneamente quatro contêineres.

O principal interesse da ALL nos países vizinhos é o setor de produtos industrializados. No chamado “corredor comercial” da América do Sul, 90% das cargas movimentadas são do segmento de siderurgia, para construção civil. As operações se estendem de Bauru (SP) até Corumbá, na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, onde a empresa ainda não tem operações.

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