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Falta mão-de-obra nas usinas do País

Com a grande expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil, a necessidade de mão-de-obra especializada tornou-se um problema. Usinas de todo o País enfrentam dificuldades para encontrar funcionários capacitados.

“É uma carência geral”, diz o gerente de Recursos Humanos da Usina Alvorada, em Itumbiara (GO), José Darciso Rui, que também compõe o Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai). O grupo busca funcionários para atuar na agroindústria nacional.

Segundo Rui, faltam nas usinas caldeireiros, soldadores, operadores de máquinas industriais, de máquinas agrícolas, motoristas e até gerentes.

Conforme o presidente-executivo da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Antonio Cesar Salibe, a carência de mão-de-obra não será resolvida em menos de dez anos. “O setor pode se estabilizar, mas exigirá cada vez mais mão-de-obra, pelo menos até 2018.”

A Udop já capacitou mais de 55 mil pessoas em seus 22 anos de existência e firmou parcerias com o governo estadual e com a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) para a elaboração de cursos técnicos e de pós-graduação voltados para a área sucroalcooleira.

Expansão

“Já temos cursos em Ribeirão Preto e Araçatuba, e vamos expandi-los para pólos canavieiros de outros Estados”, diz a coordenadora de treinamento da Udop, Vanessa Olivieri. A intenção da parceria entre Udop e Faap é inaugurar ainda este ano unidades dos cursos de especialização para Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas e Paraná, que, com São Paulo, produzem 82% da cana do País.

Outra medida adotada por usinas brasileiras tem sido contratar profissionais de outras usinas, oferecendo salários maiores e inflacionando o setor. “A prática de as usinas “roubarem” funcionários umas das outras tem de acabar”, diz Rui. Para o especialista, a melhor solução é capacitar funcionários da própria empresa. “Desenvolver o potencial internamente é mais fácil, mais barato e seguro.”

Entre todos os problemas de mão-de-obra que as usinas enfrentam, o mais grave é a falta de pessoas para cargos de liderança, sobretudo na gerência industrial. “Demorei quatro meses para encontrar um gerente industrial, com salário de R$ 18 mil”, diz Rui.

“São cargos com salários de R$ 15 mil a R$ 20 mil, e não encontramos ninguém.” O perfil do funcionário tão procurado para ocupar a gerência industrial de usinas é ter curso superior, já ter trabalhado ou trabalhar com cana, e ter cursos de capacitação para o comando de usinas.

MTA

Na tentativa de solucionar os problemas gerenciais das grandes usinas, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético (Ceise), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), elaborou um curso de especialização para engenheiros, administradores, tecnólogos e demais profissionais.

O curso funciona como o Master of Business Administration (MBA), especialização comum em negócios nas grandes metrópoles. O curso da UFSCar é o Master of Technology Administration (MTA) em gestão de produção sucroalcooleira, no qual o aluno aprende as tecnologias do setor, tendo aulas como matéria-prima de açúcar e álcool e tecnologia para a produção de açúcar e álcool.

O curso, que já tem turmas em Araras e Catanduva (SP), iniciará nova turma em Sertãozinho, em 15 de março, a cada 15 dias, sempre aos sábados, com duração de 20 meses. Para o professor-doutor Octávio Antônio Valsechi, do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar, o curso é o melhor caminho para sanar a carência de profissionais capacitados. “As aulas abordam tudo o que é preciso para gerir uma usina”, diz.

Valsechi explica que qualquer pessoa com curso superior e interesse na área pode se inscrever. Segundo ele, o curso tem um nível de desistência positiva, pois muitos alunos são contratados por empresas de fora do Estado de São Paulo só pelo fato de estar no MTA. “Eles recebem grandes oportunidades fora de São Paulo, nos agradecem e vão.” Valsechi diz que várias usinas estão inscrevendo seus funcionários.”Todo mundo quer se especializar.”

Números

170

mil empregos

serão gerados na indústria canavieira nos próximos dez anos, período em que o setor deve se manter aquecido

400

mil empregos

deverão ser cortados na colheita manual da cana, com o avanço da

mecanização das lavouras

40%

de dois anos para cá é o que se valorizaram os salários de gerentes nas usinas sucroalcooleiras, por causa da falta de mão-de-obra

(Luiz Gallo)

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