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Falta ambiente seguro para investir

Faltam políticas regulatórias e estáveis ao etanol brasileiro, o que criaria um ambiente seguro para a iniciativa privada. Essa é a opinião de Bruno Iughetti, consultor da área de combustíveis que participou da implantação do Proálcool na década de 1970, quando era membro do Conselho Nacional de Petróleo.

Para o especialista, o desenvolvimento do combustível depende de garantias aos produtores, fim do subsídio da gasolina e o papel do Governo na regulação de estoques para as entressafras. “O etanol precisa ser trabalhado com respeito”. O papel do Estado também viria na limitação da migração dos produtores entre etanol e açúcar, na visão do consultor.

Iughetti diz que o etanol é estratégico para o País, com contribuição à balança comercial brasileira por meio da redução da importação de gasolina. A menor independência ao mercado externo traria segurança ao abastecimento brasileiro, que não dependeria da conjuntura política e econômica mundial. A favor do Brasil, está a área disponível para agricultura que pode ser destinada ao plantio de cana.

O consultor afirma que o Governo Federal acerta ao investir no refino de petróleo, também contra a dependência do mercado externo. Para ele, cabe à iniciativa privada os investimentos em etanol, mas é necessária a criação de um ambiente favorável para precedê-los.

Criado com o objetivo de abastecer o País diante crise do petróleo no início da década de 1970, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi deixado de lado com a normalização na oferta mundial do óleo. O Programa começou no Governo Geisel, com seguimento no Governo Figueiredo, no qual o cearense César Cals foi ministro de Minas e Energia.

Segundo Iughetti, o programa previa atuação inicial no estímulo à produção, devendo ser prosseguido com a criação de uma estrutura logística. “Nós falávamos que tinha que implantar por etapas. Começaram pelos produtores, mas faltou a parte logística, onde tinha sérias lacunas”. O consultor afirma que o combustível caiu no descrédito com o avanço da tecnologia dos motores. “Tinha uma campanha ‘O álcool é nosso’. Só que não foi nem nosso, nem de ninguém.

A retomada do etanol começou em 2003, com o advento dos veículos bicombustíveis. Com a quebra de safra e crise de crédito em 2009/2010, o etanol foi novamente deixado de lado. “O Brasil não pode ficar nesse ping-pong energético”.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O álcool foi rebatizado oficialmente como etanol em 2009. A resolução federal foi resultado de um pleito dos produtores, alegando que consumidores relacionavam o combustível com bebidas alcoólicas.

SERVIÇO

Acompanhamento de qualidade de preço dos combustíveis

Onde: www.anp.gov.br

Proálcool

1973. O conflito árabe-israelense e o posicionamento dos Estados Unidos derrubam a oferta de petróleo.

1975. Estudos concluem que é possível a mistura entre etanol e gasolina. O nível ideal do combustível renovável é de 15%.

1976. O Proálcool foi lançado, com o objetivo de estimular a produção de etanol. Além da cana, também estudava-se o potencial mandioca, babaçu e batata doce como matéria-prima.

2003. Os carros flex chegaram ao mercado, provocando aumenta em oferta e demanda por etanol.

2009/2010. A crise mundial e a quebra de safra da cana elevam os preços do etanol, enquanto gasolina se mantém estável.

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