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Fábrica de balas reduz custo para compensar alta do açúcar

Estratégia inclui mudança em ingredientes e embalagens e corte nos investimentos. A escalada do preço do açúcar nos últimos anos vem pressionando as margens das fabricantes de balas e pirulitos, que têm na commodity o principal item do custo de produção. O quadro é agravado pelo câmbio, que desestimula as exportações e faz as empresas jogarem ainda mais volume no mercado doméstico. “A concorrência no mercado interno fica muito pesada, o preço cai, a rentabilidade vai para o brejo, a produção diminui e ocorre fechamento de unidades”, disse o assessor econômico da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Raul Czarny.

Frente a uma conjuntura que impede o repasse de preços, a saída também passa por medidas drásticas de redução de custos como demissões e diminuição de investimentos.

O diretor comercial da Florestal Alimentos, Verno Arend, observou que o preço da saca de 50 quilos de açúcar este ano chegou a estar “quase três vezes” maior do que há três anos. “Em 2003 pagávamos de R$ 20 a R$ 25 pela saca. Em 2004 subiu para algo entre R$ 25 e R$ 30. Ano passado ficou entre R$ 30 e R$ 40. Este ano chegou a R$ 55, com o início da safra caiu para R$ 50, mas duvido que baixe de R$ 45”, disse Arend, tendo à mão estatísticas da Abicab.

Para enfrentar o aumento e manter ainda uma rentabilidade, a Florestal partiu para uma série de medidas de redução de custos. A mais drástica foi transferir de Erechim para Lajeado (sede do grupo) a linha de produção da Balas Boavistense, adquirida pela Florestal em 2004 e que produzia até 1,5 mil toneladas/mês. A unidade empregava 320 pessoas. A Florestal ainda abriu a possibilidade de os funcionários se transferirem para Lajeado, o que foi aceito por 25 colaboradores.

Para diminuir custos, a Florestal ainda apelou para saídas como embalagens menos sofisticadas e “diversificação das formas de negociação” na hora de adquirir o açúcar, uma tentativa de diminuir os gastos com a matéria-prima que corresponde a mais de 45% dos custos. Segundo Arend, a empresa conseguiu repassar apenas 6% em 2005, bem abaixo da alta dos custos com açúcar. Sem poder realinhar preços, adotou medidas que, disse, também foi o caminho seguido por outras empresas do setor. “Um pirulito que antes era de 10 gramas, passou para 8 gramas, 7 gramas. A indústria diminuiu o tamanho do pirulito”, admite Arend.

“As margens foram reduzidas significativamente, mas existe margem ainda, graças a Deus”, afirmou Arend, acrescentando que a empresa produz hoje cerca de 160 toneladas/dia de balas e pirulitos, uma redução em torno de 25% em relação a 2004. A Florestal é a líder em pirulitos planos no País

A Peccin, também entre as principais fabricantes brasileiras de balas e pirulitos, investiu quase R$ 8 milhões nos últimos dois anos para ampliar em 25% a sua capacidade instalada – que hoje é de 5 mil toneladas/mês – mas agora coloca um pé no freio. De acordo com o diretor-presidente da empresa, Dirceu Pezzin, a conjuntura desfavorável vai levar a Peccin a aplicar este ano não mais do que R$ 1 milhão. Além disso, a companhia de Erechim (RS) também partiu para a busca de redução de custos, após um primeiro semestre de queda de volume de vendas. “É preciso reduzir custos para se manter no mercado sem repassar preços”, avaliou Pezzin. Segundo ele, a empresa adotou “adaptações para ter ganho de produtividade”, como buscar ingredientes alternativos no processo de produção, além de adotar embalagens com menor gramatura e de materiais mais baratos. “Diminuindo custos um pouquinho em cada setor se consegue manter uma rentabilidade razoável”, disse. “Mas em uma bala o açúcar corresponde a 50% do volume”, informou o executivo.

Segundo Pezzin, o problema do preço salgado do açúcar agravado pela situação do câmbio levou a empresa a ver diminuídos nos primeiro semestre os volume de exportação devido à resistência dos clientes em aceitar o repasse de preços. Como a empresa também notou uma retração do mercado interno no período, disse que já será bom se repetir este ano a receita de 2005, valor que prefere não revelar.

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