Exportações devem repetir 2005
O aumento do consumo interno de álcool, as alterações no mercado comprador internacional, e a desvalorização do dólar frente ao real formam o tripé que deve manter as exportações do combustível, neste ano, no mesmo patamar de 2005, quando foram embarcados 2,5 bilhões de litros do produto para o exterior – 1,6 bilhão dos quais pelo Porto de Santos. A previsão é da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).
Diferentemente da Unica, a Codesp estima um aumento em aproximadamente 13% nos embarques do combustível pelo porto, indo para 1,5 milhão de toneladas, ou seja, mais de 1,8 bilhão de litros do produto.
Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, a possibilidade de estagnação é, ainda, apenas uma perspectiva. A princípio eu diria que as exportações para este ano podem até ser reduzidas. Mas é difícil prever, ponderou.
A dificuldade pode ser explicada porque as vendas do álcool produzido neste ano só começarão a partir de maio. Até lá, o volume das vendas ainda integra o restante dos embarques da safra de 2005, estimado em 0,350 bilhão de litros de álcool.
Os principais motivos para a projeção conservadora são o aumento do consumo interno de álcool, motorizado pelas vendas internas dos carros bicombustíveis (que podem ser abastecidos tanto com gasolina quanto com álcool); a taxa de câmbio que, por ora, permanece desfavorável aos contratos de exportações; e, finalmente, a recuperação da safra de açúcar nos principais mercados compradores do álcool produzido no País.
O principal caso é o da Índia. Conforme avaliação do executivo da Unica, o país asiático deverá retomar os níveis de produção interna do insumo de dois anos atrás, quando houve uma quebra da safra. Consequentemente, devem diminuir as compras do produto brasileiro.
À frente dos Estados Unidos, a Índia é o principal destino das exportações brasileiras de álcool. Juntos, ambos os países responderam por aproximadamente 40% dos embarques da carga pelo País nos últimos dois anos.
Os números apresentados pela Unica em relação ao ano passado são similares aos estimados pela Codesp, administradora do porto. A estatal prevê fechar o ano de 2005 (falta calcular o mês de dezembro) com cerca de 1,3 milhão de toneladas movimentadas. Como 1 bilhão de litros de álcool equivalem a 800 mil toneladas do produto, uma vez covertida para litros a projeção da estatal equivale a 1,6 bilhão de litros de álcool – o mesmo valor apresentado pela Unica.
Liderança
Mesmo diante da possibilidade da estagnação das exportações de álcool nesse ano em âmbito nacional, o complexo santista mantém uma larga distância na liderança dos embarques do combustível em relação ao segundo colocado. Santos será sempre o principal porto de embarque do álcool.
De acordo com o diretor da Unica, o Porto de Paranaguá respondeu, no ano passado, por 0,450 bilhão de litros do combustível, seguido pelo Porto de Maceió (AL), responsável por pouco mais de 0,300 bilhão de litros.
Mas não foi a inauguração do Terminal Intermodal de Santos (TIS), em setembro de 2005, que garantiu, mais uma vez, a preponderância do complexo santista nas exportações do combustível. Segundo Rodrigues, diretor técnico da Unica, o lançamento do TIS, que movimenta álcool entre uma série de outras cargas, ainda não teve um impacto determinante.
De qualquer forma, no mês seguinte à inauguração do terminal, o porto de Santos bateu o recorde de embarques da carga em 12 meses, com 263 milhões de litros de álcool movimentados. Isso depende mais da logística, do destino que se dá para a carga.
Segundo o gerente de negócios do TIS, Carlos Quintero, na ocasião, a instalação ainda não estava operando em sua capacidade máxima. Neste ano está previsto exportarmos, a partir de abril, 60 milhões de litros de álcool por mês. Mas quando estiver a pleno vapor, o TIS será capaz de embarcar aproximadamente 1 bilhão de litros por ano, cerca de 80 milhões de litros por mês.
