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Exportações de maior valor agregado devem equilibrar o comércio

O fluxo comercial entre Brasil e Iraque foi interrompido na década de 90, quando o país esteve sob embargo da Organização das Nações Unidas (ONU), mas tem potencial para ser retomado. A corrente de comércio, que atingiu a marca de US$ 2,4 bilhões em 1985, foi restrita a US$ 572 milhões em 2005, mas já aumentou 50,8% para US$ 863 milhões – valor acumulado nos 12 meses encerrados em maio de 2006. De acordo com o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, Jalal Chaya, o fim do embargo e a abertura do mercado interno iraquiano tornam possível a retomada das exportações de bens de maior valor agregado.

Como exemplo, cita a possível venda de aviões ao Curdistão, que poderá ocorrer ainda este ano. A região é um estado autônomo localizado ao norte do país que, fora da área de ataque dos Estados Unidos, manteve intacta suas instituições).

“As vendas de frango, açúcar e commodities em geral podem ser ampliadas para produtos como automóveis e serviços, que já foram vendidos pelo Brasil na década de 80 e têm qualidade comprovada pelos iraquianos”, avalia Chaya, reconhecendo que o maior entrave à intensificação dos negócios é a insegurança. “Trata-se de um mercado de 30 milhões de habitantes, que precisam de tudo. Desde infra-estrutura até bens de consumo”, afirma Chaya, destacando o crescimento do salário mínimo de US$ 2 para US$ 400 nos últimos três anos.

O Iraque, antes restrito ao comércio exterior realizado pelo programa oil for food, agora com renda promete ir às compras. “Hoje, com a liberação para o comércio internacional mais os US$ 31 bilhões de dinheiro internacional injetado em financiamento para reerguer o Iraque, a alta do petróleo e a natural retomada dos negócios – 28% é o peso da iniciativa privada iraquiana no PIB, contra 3% antes do fim do embargo – o crescimento veio naturalmente.”

A ampliação da pauta incluindo bens de maior valor agregado pode ajudar a equilibrar a balança bilateral, desfavorável ao Brasil em razão das importações de petróleo. O único produto vendido pelo Iraque ao País atinge valores da ordem de US$ 1 bilhão ao ano. “A reativação da conta petróleo brasileira nos moldes do que existiu na década de 80 é uma idéia que pode contribuir para o aumento das exportações para o Iraque”, diz Chaya. Ele acredita que a medida garantiria não só os pagamentos como a preferência por produtos brasileiros.

O total de exportações brasileiras para o Iraque, de janeiro a maio deste ano, foi de US$ 22,54 milhões. As importações de petróleo pelo Brasil representaram US$ 349,6 milhões. Com isso, o saldo comercial de US$ 327,07 milhões favorável ao Iraque.

Entre os cinco itens mais vendidos, no acumulado do ano, figuram açúcar, carne bovina industrializada, tratores de rodas, chassi com motor diesel com capacidade para 20 toneladas de carga e tratores de esteira. Mas, segundo Chaya, já há sinais claros de ampliação, como o aumento das ações de prospecção.

Desde 2004, após a queda do antigo regime, o número de amostras enviadas para teste ao mercado iraquiano é crescente. As exportações de amostras têm como traço comum, segundo a Câmara, o valor: em geral todas estão abaixo dos US$ 1 mil. “São remessas destinadas a conhecer melhor os gostos dos iraquianos e a apresentar o que se faz hoje no Brasil.”

Dos 23 itens exportados ao Iraque em 2004, apenas pérolas naturais e cultivadas eram vendidas como amostra. No ano passado, o volume desse tipo de remessa saltou para 19 itens, de um total de 46. De janeiro a abril de 2006, a pauta de exportações inclui 91 produtos, sendo que 39 deles podem ser classificados como remessa de amostras.

Alguns itens enviados para teste já se transformaram em negócios. É o caso de ferramentas de metal para uso doméstico, que, em 2005, faturou US$ 268 com amostras. Este ano, já apresenta receita de US$ 5.358. O valor com a remessa de amostra de facas domésticas em 2005 foi de US$ 51. Este ano as exportações do mesmo produto está na casa de US$ 10.827.

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