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Exportações de açúcar de 2004 já têm preço fixado

Para evitar a volatilidade dos preços no mercado internacional, as usinas sucroalcooleiras já começaram a fixar os preços do açúcar para os embarques marcados a partir de maio de 2004. A antecipação reflete a preocupação com o cenário mundial para o próximo ano. A dez meses do início oficial da próxima safra de cana, no mês de maio, as projeções dos analistas para o mercado de açúcar não são otimistas.

“Temos quase 15 mil toneladas de açúcar com os preços já fixados”, afirma Marcos Castellini, diretor-geral da usina Andrade, com duas unidades em São Paulo. O volume comprometido representa 8% do total que será embarcado na temporada 2004/05.

Tradicionalmente, as operações de hedging ocorrem entre outubro e abril. Nesse período, explicam especialistas, 60% da safra de açúcar já está com os preços fixados e os volumes comprometidos. A antecipação indica, segundo analistas, um clima de pessimismo para o mercado mundial de açúcar, hoje com os estoques altos e com perspectiva de aumento de oferta para 2004.

Um forte movimento de fixação começou a ser observado nas últimas semanas, sobretudo para os vencimentos de julho e outubro do próximo ano, período de pico de exportação, segundo Tiago Peres, da Coimex Trading. As telas futuras para julho e outubro de 2004 fecharam ontem a 6,59 centavos e 6,50 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente, em Nova York, valores que ainda dão competitividade ao Brasil, em razão dos menores custos, mas são considerados baixos para concorrentes como Austrália e Tailândia, por exemplo. A aceleração das fixações vai depender do comportamento da commodity no mercado internacional.

Controlada pela multinacional francesa Béghin-Say, a Açúcar Guarani, com duas usinas no interior paulista, já negociou a venda física de 84 mil toneladas de açúcar de um total de 100 mil toneladas que serão exportadas na próxima safra. Os preços, contudo, ainda não foram fixados, afirma Alberto Klumb, diretor do grupo. O executivo está na expectativa de que as cotações se valorizem mais no curto prazo.

A corrida pela fixação antecipada ocorre em resposta à estratégia adotada por boa parte das usinas de açúcar e álcool na atual safra. Algumas empresas iniciaram o ciclo com “posições descobertas” em quase 50% dos volumes para exportação. Os executivos apostaram na maior alta dos preços a partir de maio deste ano, estratégia que se revelou frustrada, à medida em que a atual oferta de cana demonstra ser suficiente para abastecer os mercados interno e externo.

Segundo Júlio Maria Borges, da Job Economia e Planejamento, o setor está em processo de expansão de área, o que significa que, em condições normais de clima, a oferta de 2004/05 deverá crescer. As projeções para esta safra apontam para oferta de até 300 milhões de toneladas no Centro-Sul.

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