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Exportação deve cair em 2005

As exportações do agronegócio deverão recuar 7,5% em dólar no ano que vem. As vendas externas de produtos agropecuários em 2005 deverão somar US$ 28,3 bilhões, ante a cifra recorde de US$ 30,6 bilhões projetada para este ano, segundo estimativas da MSConsult. O recuo se dará mais em razão dos preços do que das quantidades vendidas.

Um índice elaborado pela consultoria – que leva em conta as cotações em bolsas internacionais de produtos como açúcar, café, suco de laranja, soja (óleo, grão e farelo) e carne de frango e é ponderado pela participação desses itens na pauta de exportações brasileiras – mostra que o nível de preços deste mês é o menor registrado desde outubro do ano passado. O atual nível de preços dessas commodities agropecuárias está cerca de 20% abaixo do pico das cotações registrado em abril deste ano.

O complexo soja, que engloba grão, óleo e farelo, continuará sendo o carro-chefe das exportações do agronegócio brasileiro, respondendo por um terço das vendas externas. Só que, diante dos preços menores, o setor irá contribuir com volume mais modesto de dólares para a balança comercial. A previsão é de que neste ano serão exportadas 38 milhões toneladas de grão, óleo e farelo. Juntos, esses produtos proporcionarão uma receita de US$ 11 bilhões. Para 2005, como os preços internacionais em dólar da soja e dos derivados devem ser cerca de 25% inferiores aos obtidos neste ano, voltando para níveis considerados normais pelo setor, a receita de exportação do complexo deverá ter queda de 20% em relação à alcançada em 2004. De acordo com o estudo, as exportações de óleo grão e farelo em 2005 deverão recuar para US$ 8,7 bilhões, com volume vendido de 41,1 milhões de toneladas, isto é, 8,4% acima do obtido neste ano.

Na análise do economista Fábio Silveira, sócio da MSConsult, trata-se de uma redução importante. O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, destaca que o cenário de preços internacionais mais baixos das commodities agropecuárias para o ano que vem ganha força com a perspectiva de que o crescimento mundial seja menor. “O novo presidente dos Estados Unidos deverá fazer uma ajuste na política fiscal e isso reforça a tendência de crescimento menor”, observa. Como os Estados Unidos dão as cartas nesse mercado pelo fato de serem o grande comprador e produtor de grãos, qualquer alteração de rota na sua política econômica afeta rapidamente as cotações internacionais.

Enquanto o cenário é menos favorável para a soja, o milho e o arroz em termos de preços, existem produtos que esboçam perspectivas mais promissoras. Fazem parte deste grupo, café, laranja, açúcar e álcool, destaca Mendonça de Barros. O café, diz ele, encontra-se numa trajetória de recuperação de margem, após um duro e longo período de crise iniciado em 1999. Já no caso da laranja, mais precisamente do suco, os ventos favoráveis vieram por conta do furacão que recentemente atingiu os pomares da Flórida e afetou positivamente as cotações do produto. No açúcar e no álcool, a crise do petróleo, somada à quebra da safra da cana da Índia e o sucesso dos carros bicombustível ampliaram os preços da cana-de-açúcar.

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