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Explosão dos preços ressuscita até mesmo velhos “esqueletos”

Uma destilaria construída no meio do Acre, Estado sem a menor tradição sucroalcooleira, deverá iniciar suas operações a partir de 2007. Máquinas trabalhavam a pleno vapor no fim do ano passado para abrir caminho para o plantio de viveiros de cana-de-açúcar e tirar do meio do mato a usina de álcool construída no fim da década de 1980, mas que nunca entrou em operação.

Parte das instalações da destilaria em questão, a Álcool Verde (antiga Alcobrás), já está enferrujada, mas os investimentos que serão feitos para a reativação da fábrica escondida no matagal – aproximadamente R$ 60 milhões – deverão deixar a destilaria pronta para moer a cana, segundo o secretário de Agricultura do Acre, Mauro Siqueira.

A aposta em um velho “esqueleto” abandonado, dos tempos do Proálcool, acontece em um dos momentos mais otimistas do setor sucroalcooleiro. E essa onda que agita o setor está estimulando uma nova modalidade de investimento. Alguns empresários preferem apostar suas fichas na reabertura de unidades desativadas de açúcar e álcool a ter de construir uma unidade nova.

Ressuscitar antigos esqueletos – desativados, em sua maior parte, com o fim da intervenção do governo federal no setor – passou a ser um bom negócio, uma vez que pode ser uma opção mais econômica, considerando a já instalada infra-estrutura básica, observa Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento.

O caso da Álcool Verde , instalada em Capixaba, no Acre, é um dos mais emblemáticos. Construída com recursos públicos, a destilaria nem chegou a entrar em operação. No ano passado, o governador do Estado, Jorge Viana, procurou empresários paulistas e da região Nordeste – os principais pólos na região são em Alagoas e Pernambuco – para negociar sociedade na unidade desativada, em uma tentativa de estimular a economia local.

O negócio foi fechado pelo empresário Maurílio Biagi Filho, presidente da usina Moema, de São Paulo, em sociedade com o grupo Farias, com cinco usinas em operação – uma em Pernambuco, outra no Rio Grande do Norte, duas unidades em Goiás, e uma em São Paulo -, produtores locais e o próprio governo do Acre.

Segundo Biagi, sua participação na usina será de 10%. O grupo Farias será o acionista majoritário, com 60% do negócio. O governo do Estado do Acre ficará com 5% e pecuaristas e produtores da região com outros 25%.

“A idéia inicial era comprar os equipamentos e transferi-los para São Paulo. Mas isso não compensaria. A estrutura instalada vale muito mais lá do que se fosse transferida”, afirmou Biagi. A intenção dos parceiros é reformar as atuais instalações e fechar acordo com pequenos agricultores para o plantio de cana.

Levantamento da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) mostra que pelo menos cinco unidades desativadas devem entrar em operação até 2007. O grupo J. Pessoa, com dez usinas em todo país, adquiriu duas unidades desativadas – Everest, em Penápolis (SP), e Quissamã, no norte fluminense (RJ) – e pretende colocá-las em operação em 2008.

Mas Martins Borges ressalva que, dependendo das condições da planta desativada, é preferível mesmo investir na construção de uma unidade nova.(MS)

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