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Experiência com plantio de variedades de cana-de-açúcar anima produtor

A cachaça de Condeúba, município a 680 quilômetros de Salvador (BA), começa a despertar o interesse de grandes importadores nacionais e a razão está no rápido avanço e nos primeiros resultados obtidos no experimento de Competição de Variedades de Cana-de-Açúcar, processo que reúne em um mesmo espaço – campo – o plantio de diferentes tipos de cana.

Mesmo antes do primeiro corte, previsto para os próximos 12 meses, o experimento na fazenda Champrão, o que chama a atenção é o desenvolvimento da maioria das 22 variedades plantadas.

Com apoio técnico do Sebrae e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), o campo experimental, plantado numa área de 2,5 mil metros, em 14 de dezembro do ano passado, mostra sinais de avanço por meio de um imenso tapete verde.

O produtor de cachaça, Antônio Farias, proprietário da área escolhida para o campo experimental, não esconde sua satisfação e faz questão de abrir a porteira da fazenda para outros interessados. “É de fundamental importância o plantio de diversas variedades porque só assim podemos observar como está o desenvolvimento de uma em relação à outra e escolher a que nos atenda melhor”.

Embora não seja pioneiro na região de Condeúba, o produtor de cachaça – que há seis anos produz mensalmente 6 mil litros da Champrão, é o único autorizado pelo Ministério da Agricultura e, portanto, apto a exportar. “Com esse apoio técnico do Sebrae e da EBDA outros produtores serão despertados para a importância de se sair da clandestinidade e buscar novas tecnologias”, observa Farias.

Em Condeúba existem mais de 50 alambiques que, por causa da clandestinidade, operam com margem de lucro irrisória e não agregam valor ao produto, ficando à mercê de atravessadores. “Volto a repetir que a tecnologia deve estar em primeiro lugar e esperamos que os outros abram os olhos e sigam os passos dos parceiros técnicos”, aconselha o produtor.

Resultados

A mais recente visita aos municípios de Condeúba e Piripá aconteceu dia 18 de fevereiro e foi coordenada pelo técnico-analista do Sebrae da agência de Vitória da Conquista, Israel Tavares Viana. “Não podemos deixar de relatar o crescimento espetacular da cana-de-açúcar em Condeúba, com apenas 60 dias de plantado e a de Piripá, com 78 dias”.

A fertilidade do solo, o entusiasmo dos produtores e a vontade de ver crescer a cultura na região também constam no relatório técnico. “O que nos deixa felizes é a expressa confiança dos produtores no trabalho do Sebrae, com acompanhamento e monitoramento técnicos e periódicos”, completou.

O gerente regional do Sebrae em Vitória da Conquista, Cláudio Cardoso, disse que o mais relevante na implementação desses projetos é a própria necessidade do envolvimento de toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar e seus derivados. “Existe a necessidade do produtor partir em busca de novos mercados, por isso a importância de se ampliar a participação do Sebrae agregando valor a todos os elos da cadeia produtiva, desde a produção primária, processamento e comercialização, gerando emprego e renda para as comunidades atendidas”.

Experiência

Na Champrão, a “limpa” (limpeza) do campo é feita por cinco funcionários da fazenda. Antes das novas variedades, o que se via era imensos canaviais da tradicional cana-preta. O trabalho de seleção de variedades de cana-de-açúcar no sudoeste do Estado começou há dez anos.

“Trouxemos 11 variedades de cana industrial para compararmos com as que são cultivadas aqui”, informou o engenheiro-agrônomo da EBDA, Gilson Caruso. “Podemos notar, por exemplo, que algumas variedades se desenvolvem mais que outras e é justamente isso que justifica o experimento”. Especialista em cana-de-açúcar, Caruso precisa apenas de uma breve análise para detectar um problema na planta. Ainda assim prefere gastar horas andando pelo campo experimental para conferir com minúcia o resultado do seu trabalho. “É um trabalho que produz efeitos a curto e longo prazos”.

Basta lembrar, continua Caruso, que somente depois do primeiro corte da cana é que são medidas a resistência e a produtividade da variedade. “Depois disso, prosseguimos analisando e acompanhando o experimento pelo período de três anos, executando o segundo e terceiro cortes”.

Somente assim é possível aos técnicos e produtores acompanhar com maior precisão o desenvolvimento das variedades, avaliando uma série de parâmetros, como doenças e florescência.

O acompanhamento técnico é feito periodicamente para que os produtores também possam eliminar dúvidas e manter o experimento dentro dos padrões exigidos, como a limpa do campo, por exemplo.

Confiança

Na vizinha Piripá, a 30 quilômetros de Condeúba, o campo experimental de cana-de-açúcar instalado há quase três meses, numa área de 600 metros quadrados, supera as expectativas de técnicos e de produtores de cachaça. Variedades com mais de 1,80 metro e resistentes a doenças e pragas se espalham pelo solo fértil na comunidade de Vereda Grande.

“Sou testemunha de que essa parceria dos produtores com o Sebrae foi uma das melhores coisas que já aconteceram na agricultura de Piripá e região”, atesta o secretário municipal de Agricultura, Nivaldo Oliveira Castro. “É fundamental a formação de associações e a união dos produtores para que a atividade agrícola, nossa ‘menina-dos-olhos’, continue a sustentar a economia regional”.

Quem bem sabe disso é o produtor Joaquim Barbosa Rocha, que todos os dias percorre suas terras para acompanhar as “limpas” e o crescimento das plantas. “Eu e meus companheiros estamos confiantes no trabalho do Sebrae e da EBDA. Nosso retorno a esse esforço vai ser na produção de uma cachaça de mais qualidade e no respeito ao consumidor”, concluiu.

Atualmente, o município de Piripá produz 30 toneladas de cana por hectare, mas com as novas variedades experimentadas podem aumentar para até 100 toneladas. Com suporte técnico do Sebrae e da EBDA estão sendo utilizadas as variedades SP 71.1406, RB 76.5418.

Com essas variedades resistentes e material da Coopersucar e Instituto Agronômico de Campinas (IAC-SP), os produtores pretendem, também, incrementar a produção anual de aguardente no município, estacionada em 300 mil litros, quando já poderia estar em 900 mil litros.

Serviço:

Sebrae na Bahia – (71) 320-4300

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