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Expansão da cana pode pôr em risco eficiência do setor, diz Mendonça

A expansão acelerada do cultivo da cana-de-açúcar, estimulada pela alta dos preços do açúcar e do álcool no mercado internacional poderá pôr em risco a eficiência do setor, advertiu ontem o consultor José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados. Mendonça que participou ontem do 5 Congresso Brasileiro de Agribusiness, alertou para o fato de os investimentos estarem sendo dirigidos para o cultivo da cana em áreas menos férteis e menos produtivas. A multiplicação de usinas também está obrigando à contratação de mão-de-obra menos qualificada, o que pode comprometer o resultado.

Dados da empresa de consultoria Canaplan indicam que a área cultivada de cana no País mantém a taxa de crescimento de 7% ao ano, índice que se repete pelo menos ha cinco anos. A expansão de área poderá ser ainda maior nos próximos anos, caso se confirmem os investimentos estrangeiros já anunciados, segundo declarou o diretor dessa consultoria, Luís Carlos Correia Carvalho. “Tivemos este ano 11 unidades novas”. Para ele, outras 11 unidades deverão ser construídas o confirma o prognóstico de crescimento de área plantada da um ritmo entre 7% e 8%, declarou.

A estimativa para a safra que está em andamento poderá merecer revisão. É que a seca nas regiões produtoras poderá afetar a produtividade das lavouras. Para Carvalho, dificilmente a produção de cana irá alcançar as 380 milhões de toneladas previstas inicialmente. Segundo acredita, a estiagem deverá reduzir a colheita em 15 milhões de toneladas, para 365 milhões. O consultor acredita que a seca deverá afetar também a próxima safra.

Preços equilibrados

A alta dos preços do álcool nas usinas nas últimas semanas não deverá se manter, nem ser interpretada como uma indicação de crise de abastecimento durante a entressafra de cana, acredita o consultor da Canaplan. Para ele, o mercado deverá começar a se estabilizar nas próximas semanas, com a queda das cotações do açúcar no mercado internacional e a redução das compras de álcool pelas distribuidoras de combustíveis dos EUA, a oferta de etanol no mercado interno deverá retornar aos níveis originais.

Recuperação

Mendonça vislumbra tempos mais amenos para a agricultura. Na sua opinião, a dificuldade com permanece no que diz respeito ao acesso ao crédito e a reestruturação das dívidas agrícolas, mas há indicação de os preços de algumas commodities começam a se recuperar. “Teremos um ano difícil, mas um pouco melhor que o atual”.

Para Mendonça, as cotações do algodão tendem a subir e as da soja devem refletir a demanda mundial pelo grão para a produção de biodiesel. Isso deve contribuir para uma melhor rentabilidade do setor. O consultor não acredita, porém, em desvalorização do real a curto, nem médio prazo. Acha que as medidas “vendidas” pelo governo como destinadas a melhorar a situação cambial, são neutras para esse objetivo.

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