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Expansão da cana pode agravar conflitos fundiários em SP

A expansão das lavouras de cana-de-açúcar em São Paulo está engrossando as fileiras dos sem-terra e pode agravar os conflitos fundiários no Estado. Grande parte da colheita ainda é feita manualmente e, com a escassez de mão-de-obra local, as usinas importam cortadores de outros Estados, principalmente do norte de Minas e do Nordeste. Como a safra dura de seis a sete meses, no restante do ano esse contingente fica desempregado. O aumento na mecanização da colheita, obrigado por lei, contribuiu para deixar a mão-de-obra ociosa.

Os movimentos sociais de luta pela terra, principalmente o maior deles, o Movimento dos Sem-Terra (MST), já arregimentam essa massa para engrossar os acampamentos. Foi o que motivou o líder José Rainha Júnior a firmar uma parceria com sindicatos de empregados rurais ligados à Central Única de Trabalhadores (CUT). Na primeira ação conjunta, em pleno carnaval, foram invadidas 13 fazendas no Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista.

“Os usineiros têm de pensar no futuro desse pessoal, caso contrário vão gerar mão-de-obra para os acampamentos”, disse o líder, por telefone. Só no Pontal e na Alta Paulista, segundo Rainha, são mais de 50 mil cortadores de cana. No Estado, somam 150 mil.

São esses trabalhadores que Rainha e a CUT arregimentam para seus acampamentos, que vão migrando do Pontal – ponta do Estado, formada pela junção dos Rios Paranapanema e Paraná – para a Alta Paulista e região noroeste. “Com os da CUT, já passam de 30”, informa o líder. Ele garante que não precisa aliciar ninguém: “O desempregado, com a família, vai para onde tiver um lugar para ele.”

Nos acampamentos, os sem-terra encontram, além da esperança de um lote doado pelo governo, a garantia da comida diária: a cesta básica. Cada família assentada recebe uma cesta distribuída pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O presidente do Sindicato dos Empregados Rurais Assalariados de Presidente Prudente e Região, Rubens Germano, parceiro de Rainha, afirma que os trabalhadores são explorados. “Só a fiscalização do Ministério Público do Trabalho aplicou R$ 3 milhões de multas em 2006.”

A ação do MST junto aos canavieiros já preocupa os donos de usinas e fazendeiros interessados em arrendar as terras para a cana. “A reforma agrária virou um saco sem fundo do dinheiro público. Se o governo não der um basta, essa situação não vai ter fim”, protesta o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia.

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