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Expansão da cana cria novo mercado de micronutrientes

A expansão na produção brasileira de açúcar e álcool está criando um novo mercado no segmento de fertilizantes: os micronutrientes para a cana-de-açúcar. Além do simples aumento na área plantada, que eleva a demanda por adubo, as fornecedoras de micronutrientes vêem um cenário positivo devido a dois fatores técnicos.

O primeiro é o avanço da cultura para o cerrado, que tem solos mais pobres e assim precisa de mais nutrientes complementares. O segundo é que a falta de terras para expandir a produção nos pólos já tradicionais aumenta o interesse por produtos que aumentem a produtividade e o teor de açúcar da cana.

Micronutrientes são os minérios que enriquecem os fertilizantes compostos por nitrogênio, fósforo e potássio. A Agroplanta, de Batatais (SP), começou a comercializar um produto de micronutrientes para cana este ano e já faturou com ele R$ 5,2 milhões. O objetivo é atingir R$ 25 milhões em três safras.

Segundo o gerente comercial Édison Cesarino, a empresa fornece 60% dos micronutrientes utilizados pela Bunge Fertilizantes e decidiu entrar diretamente no setor de cana devido à tendência de aumento no consumo tanto nas regiões tradicionais como nas novas fronteiras agrícolas. “A cana sempre teve demanda pequena por fertilizantes, mas agora a simples expansão de área não será suficiente para atender a demanda por açúcar e álcool”, avalia Cesarino.

Para as novas zonas produtoras, equipes da Agroplanta exclusivas para as vendas para o mercado de cana nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná começarão a trabalhar em janeiro de 2007. “Nesses locais a cana está ocupando terras da soja e de pastagens com solos pobres”, diz Cesarino, sem revelar o valor investido pela empresa em pesquisa e estrutura para o novo mercado.

O segredo quanto aos investimentos e tecnologias deve-se à forte concorrência que a Agroplanta deverá encontrar. A Agrária, de Jardinópolis (SP), também na região de Ribeirão Preto, já entrou com pedido de registro de um fertilizante de micronutrientes para cana no Ministério da Agricultura. “Nunca tivemos produtos para cana, mas com a perspectiva de que a área da cultura vai crescer 3 milhões de hectares e com a expansão sobre o cerrado, está surgindo mercado para esses produtos no Centro-Sul”, conta o gerente técnico da Agrária, Nivaldo Lima. Ele ressalta que o uso de micronutrientes só é comum nos canaviais do Nordeste, onde os solos são mais pobres.

O principal negócio da Agrária também é o fornecimento de micronutrientes para as grandes fabricantes de adubo. Mas a redução na demanda dos produtores de grãos gerou uma ociosidade muito grande na empresa, o que também força a busca por novos mercados. “Nossa capacidade de fornecimento para a cana é enorme. Estamos ocupando de 30% a 40% da capacidade de produção, contra a média histórica de 60%”, revela Lima.

De acordo com o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, as vendas de fertilizantes para cana mostram crescimento não só pelo aumento da área plantada, mas também pelo uso maior de tecnologia nas lavouras. Em 2004, foram vendidas 2,69 milhões de toneladas de fertilizantes para a cana e em 2005 foram 2,83 milhões. “Em 2006, devemos superar os 3 milhões de toneladas”, prevê Daher.

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