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Excedente de energia dobra em 2 anos

Venda de energia, que era subproduto, hoje representa 8% do faturamento das usinas de açúcar. Durante muitos anos, a produção de energia foi vista como um subproduto pelas usinas de açúcar e álcool, em razão da baixa rentabilidade. Mas a história está mudando. “A cogeração, que representava zero da nossa receita, hoje equivale a 8% do faturamento de uma usina média no Brasil”, diz Luiz Carlos Correa Carvalho, presidente da Usina Alto Alegre (SP).

No passado, as ofertas feitas pelas distribuidoras para a compra de energia quase sempre eram incompatíveis com os investimentos, o que fazia com que a produção se limitasse às necessidades de cada usina. Desde a crise de 2001, o chamado apagão, as usinas viram uma oportunidade e aumentaram os investimentos na de energia.

Estima-se que o excedente de energia vendido pelas usinas, hoje em 600 megawatts (MW), deve atingir 1.150 MW em 2008. Ou seja, em dois anos o excedente corresponderá à toda energia produzida pela Usina de Ilha Solteira (SP), a terceira maior hidrelétrica do País. Quando atingir 1.150 MW, as usinas de açúcar estarão fornecendo energia suficiente para iluminar uma cidade com 22 milhões de habitantes, ou o equivalente à Grande São Paulo.

O Grupo Cosan, maior produtor de açúcar e álcool do País, com 16 unidades e que deverá moer este ano 28,5 milhões de toneladas de cana, quase 8% da produção da região Centro-Sul do País, aposta na cogeração como forma de diversificar as atividades e expandir o faturamento. Até 2009, a Cosan planeja investir US$ 700 milhões para produzir 700 MW, volume suficiente para abastecer uma cidade de 3 milhões de pessoas. Segundo o seu diretor financeiro, Paulo Diniz, o custo do investimento para a de energia a partir do bagaço da cana varia entre US$ 1 e US$ 1,2 o quilowatt.

A capacidade atual de produção de energia elétrica é de 100 MW, boa parte destinada a consumo próprio. Para concretizar seus planos, a Cosan está providenciando a troca de caldeiras de alta pressão para mover as turbinas e produzir a energia que será ligada à rede pública de transmissão e distribuição de energia elétrica. Os investimentos serão concentrados em três unidades: as usinas Rafard, Costa Pinto e da Serra. A Cosan já vende energia à Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e planeja participar dos futuros leilões que serão realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Já o Grupo Nova América, dono do Açúcar União, está finalizando um investimento de R$ 90 milhões em sua usina de Maracaí (SP) no aumento da capacidade de moagem de cana-de-açúcar e da cogeração de energia. A moagem foi aumentada em 18%, para 3 milhões de tonelada, utilizadas na produção de álcool e açúcar cristal.

Já a cogeração de energia foi elevada de 3,5 MW para 32 MW, suficientes para iluminar uma cidade de 900 mil habitantes, quase do tamanho de Campinas, no interior de São Paulo.

“O investimento foi um negócio de oportunidade, porque conseguimos financiamento do BNDES para a substituição de duas caldeiras e, ao mesmo tempo, atrelamos o financiamento a um contrato de venda do excedente de energia para a Eletrobras”, diz Marco Antônio Cardoso de Toledo, diretor industrial do Grupo Nova América. De acordo com o contrato, todo o excedente será vendido por 20 anos para a Eletrobras por um preço pré-definido em contrato.

Falta de estímulo

Para Luiz Carlos Correa de Carvalho, da Usina Alto Alegre, a produção de energia poderia ser cinco vezes maior caso houvesse incentivos ao setor. “O preço pago à energia eólica é três vezes maior que o preço da energia do bagaço de cana. Esta é apenas uma pequena amostra da falta de estímulo ao setor”, diz Carvalho.

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