Bruno de Freitas Gomes, superintendente de Securitização e Agronegócio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e Marcelo Porteiro, superintendente da Área de Operações e Canais Digitais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), participaram do oitavo painel do Global Agribusiness Forum 2024, nesta sexta-feira (28), no segundo e último dia do Global Agribusiness Festival (GAFFFF). O painel, intitulado “Finanças como Pilar do Desenvolvimento Sustentável”, foi moderado por Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO Financial.
Os especialistas discutiram a crescente integração do agronegócio no mercado de capitais, destacando a relevância dos Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) e dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Esses instrumentos financeiros têm ganhado destaque como mecanismos essenciais para fomentar o crescimento sustentável do setor agrícola.
Marcelo Porteiro apresentou dados que evidenciam a importância do agronegócio para a economia nacional. Em 2023, o setor foi responsável por aproximadamente R$ 170 bilhões em exportações, representando 49% do total exportado pelo Brasil. Esse desempenho ressalta o papel crucial do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Dada a relevância econômica do agronegócio, instituições financeiras e participantes do mercado têm direcionado suas atenções para o setor. No Plano Safra 2022/23, o BNDES disponibilizou R$ 38,4 bilhões em créditos, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. Esses recursos são vitais para impulsionar a modernização e a sustentabilidade das operações agrícolas, permitindo que os produtores invistam em tecnologias avançadas e práticas agrícolas mais responsáveis.
Um dos desafios mencionados por Bruno de Freitas foi a falta de governança, que muitas vezes impede os produtores de acessarem o mercado de capitais. Ele destacou o papel das cooperativas nesse contexto. “As cooperativas de produtores são um elo muito importante nessa cadeia, pois ajudam os produtores com a governança”, afirmou. A profissionalização da gestão e a adoção de boas práticas de governança são essenciais para atrair investidores e garantir a sustentabilidade do setor.
O painel também explorou a influência das políticas públicas e das regulamentações no desenvolvimento do agronegócio. Marcelo Porteiro enfatizou a necessidade de um ambiente regulatório favorável e de políticas de incentivo que facilitem o acesso ao crédito e promovam a inovação no setor. “É crucial que o governo continue a apoiar o agronegócio com políticas que promovam a sustentabilidade e a competitividade”, disse Porteiro.
Além disso, os participantes discutiram a crescente demanda por práticas sustentáveis e a importância das finanças verdes para o futuro do agronegócio. Investimentos em energia renovável, eficiência hídrica e manejo sustentável do solo são algumas das áreas que estão atraindo atenção e recursos financeiros. “O mercado está cada vez mais consciente da necessidade de práticas sustentáveis, e isso está refletido na disponibilidade de capital para projetos que tenham um impacto ambiental positivo”, comentou Guilherme Nastari.
Outro aspecto destacado foi a importância da inovação tecnológica para o desenvolvimento do agronegócio. A adoção de tecnologias como inteligência artificial, big data e agricultura de precisão está transformando a forma como o setor opera, aumentando a produtividade e reduzindo os impactos ambientais. “A tecnologia é uma aliada indispensável para tornar o agronegócio mais eficiente e sustentável”, afirmou Bruno de Freitas.
O painel sublinhou a importância de um ambiente financeiro robusto e bem estruturado para o desenvolvimento sustentável do agronegócio, destacando o papel das finanças como um pilar essencial para o crescimento e a competitividade do setor no cenário global. A ideia passada foi a de que a colaboração entre o setor privado, as instituições financeiras e o governo é fundamental para superar os desafios e aproveitar as oportunidades que o mercado de capitais oferece para o agronegócio brasileiro.