As novas tendências no setor sucroenergético foram o foco do terceiro dia de atividades na Arena de Sustentabilidade da 30ª Fenasucro & Agrocana. Em pauta, a transição energética e o papel do etanol de milho no futuro da indústria.
Luiz Mello, head de Vendas da Thyssenkrupp Uhde no Brasil, destacou o potencial do hidrogênio para impulsionar novos mercados dentro do setor sucroenergético. “A indústria bioenergética consegue produzir metanol verde com o menor custo do mundo. Hoje, cerca de 5% dos navios em construção já estão programados para usar metanol verde”, afirmou Mello, ao apresentar as rotas de produção do metanol verde no setor.
Antônio Alberto Stuchi, profissional com 32 anos de experiência no setor, abordou a transição energética detalhando as diferentes fases dessa evolução. “Na primeira onda, produzimos açúcar e etanol; na segunda, veio a bioeletricidade; na terceira, o etanol de segunda geração e o biogás (biometano); e, finalmente, na quarta onda, temos o uso de resíduos para a produção de SAF, Biobunker, bioplásticos, biometanol, lignina, amônia verde e hidrogênio”, explicou Stuchi.
André Gustavo Alves da Silva, diretor Comercial e de Novos Produtos da Cocal, apresentou o modelo de transição energética adotado pelas usinas do grupo, com base no conceito de economia circular. A Cocal, que tem como principais produtos o açúcar, etanol, bioenergia e biofertilizantes, produz atualmente 33 milhões de m³ de biogás e 9 milhões de Nm³ de biometano, o que equivale a 9 milhões de litros de diesel, suficientes para abastecer 15 mil tanques de combustível.
“Temos na Cocal uma meta de, nos próximos anos, zerar a utilização de diesel. Embora o biometano seja uma excelente alternativa para nossa frota de caminhões, estamos avaliando outras soluções, como o uso de etanol ou biodiesel, para tratores e colhedoras”, revelou Silva.
Finalizando o debate, Alexandre Godoy, vice-presidente e diretor de Engenharia de Processos e Novas Tecnologias na FERMENTEC, discutiu os desafios e as perspectivas do etanol de milho. Segundo Godoy, haverá milho suficiente para atender à demanda crescente, e as usinas multiflex serão fundamentais nessa transição, adaptando-se para produzir etanol a partir de diferentes matérias-primas, como melaço, milho e sorgo, conforme o balanço energético.
“A cana-de-açúcar será destinada principalmente à produção de açúcar, enquanto o etanol será obtido de outras fontes, como o milho e o sorgo”, concluiu.