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Etanol de milho, COP30 e riscos globais: para onde vai o setor bioenergético?

Fórum Nordeste 2025 debate o futuro do setor sucroenergético, a expansão do etanol de milho e os riscos internacionais na transição energética

Etanol de milho, COP30 e riscos globais: para onde vai o setor bioenergético?

O Fórum Nordeste 2025 reuniu especialistas para discutir os rumos do setor bioenergético brasileiro em meio aos riscos e incertezas globais. No Painel 4, mediado por Eduardo de Queiroz Monteiro (Grupo EQM), o destaque foi a análise de Plínio Nastari (Datagro). Ele apontou forças e fraquezas da cadeia, além de riscos que podem afetar o protagonismo do país.

Etanol de milho e RenovaBio em destaque

Nastari ressaltou que o Brasil mantém liderança no açúcar e no etanol, impulsionado pelo RenovaBio, único programa no mundo que certifica individualmente a redução de carbono. Porém, alertou para a pressão da eletrificação das frotas globais, os juros altos que travam investimentos e a estratégia norte-americana de exportação de etanol de milho e DDG.

Ele lembrou ainda que a produção de etanol de milho no Brasil deve mais que dobrar até 2030, o que pode reduzir o déficit histórico do Nordeste e mudar a lógica de oferta e demanda no Centro-Sul.

Novos mercados e narrativa sustentável

A professora Amanda Gondim (UFRN) reforçou que descarbonização, descentralização e digitalização já não são tendências, mas realidades. Para ela, o setor precisa avançar em certificação e rastreabilidade para conquistar mercados estratégicos.

Amauri Pekelman (Biosul) provocou ao defender que o Brasil mude a narrativa e passe a falar em bioetanol, destacando que essa pode ser uma bandeira decisiva na COP30. Ele também alertou para a ausência brasileira em mercados internacionais e destacou a força crescente do Centro-Oeste como polo de bioenergia.

José Bolivar Melo Neto (Japungu) chamou atenção para o desequilíbrio entre oferta e demanda: “Estamos produzindo mais rápido do que o consumo cresce. Precisamos definir se essa expansão vai deslocar açúcar ou abrir espaço para o anidro”.

Etanol versus carro elétrico

Encerrando o painel, Rafael Ceconello (Toyota) defendeu que o etanol é subestimado até no Brasil. Segundo ele, “um híbrido flex abastecido com etanol descarboniza mais do que um carro elétrico fabricado na China”.

Para Ceconello, o grande desafio do setor é comunicar melhor os atributos do etanol ao consumidor final, reforçando sua eficiência, economia e contribuição para a descarbonização.