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Consumo global de açúcar segue em alta na próxima década

Brasil mantém liderança como maior exportador para atender demanda crescente

Consumo global de açúcar segue em alta na próxima década

O consumo global de açúcar segue uma tendência de alta para a próxima década, com o Brasil, maior exportador mundial, continuando a ser a principal referência para suprir essa demanda. Entre 2011 e 2022, houve um aumento de 1% no consumo global de açúcar, e a previsão é de que a produção mundial cresça em 16 milhões de toneladas nos próximos anos.

Essas previsões foram tema de um painel na 17ª edição do Congresso Nacional de Bioenergia, promovido pela União Nacional da Bioenergia (UDOP), realizado nos dias 2 e 3 de julho, em Araçatuba, – SP. A palestra “A dependência mundial do açúcar brasileiro vai continuar nos níveis atuais? Teremos produção para atendê-la?” foi apresentada por Fábio Eduardo Morrel, gerente de inteligência de mercado da Raízen, com moderação de Carlos Frederico Franco, consultor de Sugar, Ethanol and Energy, e participação de diversos especialistas.

Segundo Fábio Eduardo Morrel, o aumento do consumo global será impulsionado principalmente pelos países emergentes, devido ao crescimento populacional. “Nos países desenvolvidos, o consumo tende a se estabilizar ou diminuir, mas nos emergentes, a possibilidade de aumento é maior”, explicou Morrel.

Morrel destaca a competitividade do Brasil em comparação com outros produtores. Bolívia e China enfrentam custos elevados, enquanto Índia e Tailândia têm limitações na expansão da área de produção. “O Brasil deve continuar sendo o principal exportador, suprindo o consumo global que cresce entre 0,6% e 0,8% ao ano”, afirmou.

Luciana Torrezan, gerente de inteligência de mercado da BP Bunge Bioenergia, aponta que a Índia pode aumentar a área de plantio de cana-de-açúcar, mas prioriza o mercado interno de etanol. “O Brasil tem potencial para crescer neste mercado, seja pela extensão da área de produção de cana ou pelo aumento do mix de produção, com as usinas focando mais no açúcar”, disse Torrezan.

Para que o Brasil continue investindo em novas fábricas e amplie a produção, o preço do açúcar deve permanecer acima do custo de produção no médio e longo prazo. “O investimento é pago pelo preço de mercado, e a capacidade de realizar hedge é fundamental para garantir a margem de produção”, afirmou Luiz Lima, trader da Cofco.

Tarcilo Ricardo Rodrigues, diretor da Bioagência, mencionou o impacto do combustível sustentável de aviação (SAF) no mercado de açúcar. “O SAF pode pagar mais que o etanol carburante, o que pode levar a uma reorientação da produção das usinas”, argumentou.

Luiz Silvestre Gomes Coelho, diretor comercial da Sucden, destacou os investimentos em tecnologias de primeira geração, biogás e etanol 2G. “Embora os investimentos em TCH (Toneladas de Cana por Hectare) não sejam o foco principal, a tecnologia no campo trará uma margem de contribuição significativa”, explicou Coelho.