No CANABIO25, em Ribeirão Preto/SP, o Prof. Carlos Crusciol, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP/Botucatu, apresentou resultados sólidos sobre o papel dos microrganismos e bioinsumos na cana-de-açúcar. O tema foi tratado com base em pesquisas, incluindo projetos financiados pela FAPESP em parceria com a ESALQ, Grupo São Martinho e Agroterenas.

Crusciol destacou que o manejo biológico representa “uma nova fronteira” na agricultura. Estudos globais sobre Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em cana dispararam nos últimos anos, chegando a mais de 17 mil artigos científicos. Segundo o pesquisador, microrganismos endofíticos não apenas fixam nitrogênio, mas também solubilizam fósforo e potássio, liberam metabólitos bioestimulantes e alteram a expressão gênica da planta, fortalecendo todo o sistema fisiológico.

Ganhos em produtividade

Resultados de diferentes experimentos apresentados comprovam ganhos em produtividade. Além de vigor radicular, maior teor de nutrientes, maior eficiência no uso da água e mitigação de estresse – inclusive em condições de seca. Espécies como Azospirillum, Pseudomonas e Bacillus mostraram capacidade de migrar da folha para a raiz, ativar hormônios vegetais, aumentar a fotossíntese e ampliar o desenvolvimento radicular.

Crusciol alertou, no entanto, que a eficiência depende de variados fatores: ciclo da cultivar, disponibilidade hídrica, correção do solo e, especialmente, genética. Há variedades com alta interação com microrganismos e outras com baixíssima resposta.

 “Não podemos tratar todas as cultivares de forma igual”, reforça Crusciol

Ele também ressaltou que, apesar dos avanços, a FBN ainda não substitui totalmente a adubação nitrogenada, mas permite reduzir doses. Desde que o manejo seja ajustado e as condições de solo favoreçam a sobrevivência e multiplicação dos microrganismos.

Assista a íntegra da palestra no canal do JornalCana no Youtube.