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Inovações e práticas sustentáveis no setor foram ressaltadas no CANABIO24

Evento foi realizado nesta quarta e quinta-feira (19 e 20), em Ribeirão Preto - SP

Inovações e práticas sustentáveis no setor foram ressaltadas no CANABIO24

O CANABIO24 – Seminário de Manejo Biológico & Regenerativo em Cana-de-Açúcar realizado nesta quarta e quinta-feira (19 e 20), no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto – SP, reuniu mais de 200 profissionais de usinas e empresas para discutir as mais recentes inovações e tendências no setor. O evento abordou temas como manejo do solo, biodiversidade, ciclagem de nutrientes, gasto energético da planta, seletividade, conservação da água e captura e armazenamento de CO2.

A edição deste ano foi marcada por debates ricos em conteúdo, apresentando diversas abordagens e soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelo setor da cana-de-açúcar:

Impacto ESG – Luís Andrade, gerente de Relações Institucionais e ESG da BP Bunge, enfatizou a importância das usinas nas comunidades locais, destacando seu papel significativo na economia e como grandes empregadores: “Estamos falando de comunidades onde a usina é parte importante da economia, onde nós somos grandes empregadores”.

Emissões de GEE – O Prof. Dr. Heitor Cantarella, Diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do IAC, chamou a atenção para as emissões de gases do efeito estufa na produção de etanol, mencionando que os fertilizantes nitrogenados são responsáveis por cerca de 30 a 50% dessas emissões.

Interferência em Fatores de Produção – Jiulliano Ferreira, CEO e fundador da Access Biotech, apontou que, exceto por condições climáticas e fatores econômicos, todos os outros aspectos podem ser gerenciados para aumentar a rentabilidade do negócio, incluindo qualidade do solo, práticas agronômicas e mecanização.

Controle de Pragas – Michel da Silva Fernandes, diretor da MS Fernandes Consultoria, destacou a importância do mapeamento do Sphenophorus levis, um inseto que infesta regiões específicas com maior densidade de colmos, e a necessidade de um controle especial nessas áreas.

Alta Produtividade – Israel Lyra, diretor da Kracht Brasil, mostrou o impacto dos bioinsumos na construção de um canavial de alta produtividade.

Prejuízos com Pragas – José Eduardo Marcondes, do Instituto Biológico, alertou sobre os prejuízos significativos causados pelo Sphenophorus levis, uma das piores pragas da cana-de-açúcar, que pode causar perdas de 30 a 60 ton/ha.

Diversidade Microbiana – Patrícia Fontoura, produtora de cana e consultora na Tellus Vita, ressaltou que a planta desempenha um papel fundamental na formação das comunidades do microbioma na rizosfera, afirmando que “quem atrai o microorganismo é a planta”.

Bioinsumos de 6ª Geração – Muriel Panosso, da ICL, apresentou as inovações na área de bioinsumos, destacando que a sexta geração inclui edições genéticas que estão prestes a ser lançadas no mercado nacional.

Estoque de Carbono – Alan Borges, da ICL, discutiu a reconexão solo-planta e como os produtos da ICL têm contribuído para aumentar o estoque de carbono do solo.

Agricultura Orgânica: Paulo Eduardo Garcia Junior, da Agropecuária Agro 3G e conselheiro do GBIO, abordou a questão da Agricultura Orgânica: uma alternativa saudável do solo até a comercialização dos produtos.

Produtividade e Longevidade – Júlio Campanhão, da Agrocamp, enfatizou o impacto positivo do manejo com C-Rbio-R na produtividade e longevidade do canavial.

Práticas e Tecnologias da Fazenda Santa Fé – Donizete Balbino, Gerente Agrícola da Fazenda Santa Fé, destacou as práticas de nutrição, fisiologia e fitossanidade aplicadas desde maio de 2022, utilizando químicos, bioinseticidas e indutores de resistência.

Correção de pH em solos ácidos – Ricardo Agostini, P&D na Carmeuse Brasil, mostrou a Soil-A: a tecnologia Carmeuse para o setor bioenergético.

Manejo 100% Regenerativo – Carlos Ramos, Gerente Agrícola da BP Bunge Bioenergia, reforçou que a utilização de biológicos contribui para redução de custos e aumenta produtividade. Na ocasião, ele mostrou os benefícios da adoção da prática do manejo regenerativo na Usina Itapagipe, da BP Bunge Bioenergia.

Diversidade Microbiológica – O Dr. Kenji Augusto Senô, professor e diretor da Ecobhio Tecnologia, afirmou que o conhecimento aprofundado sobre os microrganismos e seus processos biológicos no solo, nas plantas, no material orgânico, e na interação com outros macro e microrganismos no sistema solo/planta/filosfera é essencial.

Inovação e Integração – Roberto Melo de Araújo, diretor de defensivos químicos da CropLife, argumentou que a integração das ciências, tecnologias e práticas agrícolas é crucial para a agricultura regenerativa, trazendo benefícios ambientais, apoio aos meios de subsistência rurais e promoção da agricultura sustentável.

Boas Práticas – Marcos Bruno, Gerente Executivo de Operações Agroindustriais da Tereos, listou ações adotadas para melhorar o canavial, como manejo de plantas daninhas, rotação de cultura, manejo varietal e uso de composto orgânico.

Ferticorreção – Renato Foroni, consultor especialista agronômico na Caltec, destacou a importância da ferticorreção para a biologia do solo, mantendo o pH ideal e níveis adequados de nutrientes, resultando em plantas com maior produção de biomassa e sistema radicular.

Integração Total – Estêvão Pacheco Landell, do Suporte Técnico Agronômico Corporativo da Usina São Martinho, explicou que o programa de Manejo Integrado Total busca a integração de todos os processos e subprocessos para obter os melhores resultados para a companhia.

Rei da Compostagem – “O elemento mais importante na compostagem é o carbono. É essencial atender às suas necessidades desde o início para obter o melhor resultado final” disse, na ocasião, Roberto Malimpence, diretor da Baraúna.

Reposição da Biodiversidade – Pedro Martins, responsável pelo Desenvolvimento de Mercado na BiomCrop, discutiu a importância da recomposição da biodiversidade dos microrganismos do solo. Durante a apresentação, ele destacou alguns produtos da empresa que funcionam como condicionadores de solo, atuando como bio repositores e bioativadores, essenciais para promover a diversidade e a atividade biológica no solo.

Mais de 40 Toneladas de Sucesso– A aplicação de biofertilizante (esterco de galinha) em solo arenoso proporcionou um aumento de mais de 40 toneladas na produção de cana-de-açúcar, em Pernambuco. Willymberg Barreto, gerente de Irrigação na São José Agroindustrial, destacou os benefícios dessa prática.

Experimentação Agronômica na BP Bunge – “Para suprir a demanda técnica de informações, criamos nossa área de experimentação agronômica, que hoje funciona como nossa base técnica. Através dela, estabelecemos protocolos, inclusive para homologação de novos produtos”, informou Hayra Reis, Gerente Corporativa da BP Bunge Bioenergia.

100% do Plantio com Biológicos na Viterra – Na Viterra, o manejo biológico abrange 100% do plantio, utilizando nematicida, bioestimulante, fixador de nitrogênio no enraizamento e perfilhamento, e Azospirillum no quebra-lombo, informa o gerente agronômico Aloísio Meloni.

Painel – Biológicos: Resultados e Certezas

Estabilidade Biológica e Fisiológica no Sistema de Produção de Cana-de-Açúcar – Alexandre Sicchieri, Head de Inovação e Desenvolvimento da Kracht Brasil, abordou a importância da estabilidade biológica e fisiológica no cultivo da cana-de-açúcar. Sicchieri ressaltou a importância de aprofundar o conhecimento na fisiologia das plantas, argumentando que o estresse impõe um gasto energético extra à planta, que poderia ser usado para processos essenciais.

Manejo Biológico no Plantio – Douglas Nakano, Gerente de Desenvolvimento Agronômico e Qualidade Agroindustrial da Clealco, destacou a importância do manejo de nematicida biológico no plantio e os cuidados durante a aplicação. Nakano mostrou as vantagens do uso de biológicos: seletividade, sustentabilidade, estabilidade da formulação, ausência de necessidade de refrigeração e resistência a condições adversas de campo.

Agricultura Regenerativa e o Uso de Biológicos – Gerson Marquesi, Head de Pesquisa e Regulatório na Gênica, questionou se a agricultura regenerativa se resume ao uso de biológicos, promovendo um debate sobre a abrangência das práticas sustentáveis. Marquesi falou sobre o efeito manipulativo e somatório das práticas biológicas, que enriquecem a diversidade do sistema.

Tecnologias Biológicas para Aumento da Eficiência Nutricional – Jonas Haf, Diretor de Inovação e Estratégia da Biotrop, apresentou as tecnologias biológicas que aumentam a eficiência nutricional das plantas. Ele comparou a evolução das leveduras na conversão da cana com os três mundos dos biológicos: genoma, transcriptoma e metaboloma.

Pensar Diferente: A Chave para a Mudança no Setor Sucroenergético – Mário Dias, Gerente de Desenvolvimento Agronômico na BP Bunge e Conselheiro do GBIO, que modereou o painel, enfatizou a necessidade de uma mudança de mentalidade no setor: “Nossa missão não é fazer dinheiro virar cana, é fazer cana virar dinheiro”.

A Volta da Ciência – “A cana regenerativa é uma volta à ciência para aqueles que têm coragem para mudar e não querem ser coadjuvantes, mas protagonistas da mudança. Ela desafia nossos paradigmas e estamos num ambiente onde prevalecerá quem melhor entender e aplicar a ciência,” afirmou Josias Messias, jornalista e diretor da ProCana.

Lançamento: GBIO

O lançamento do Grupo de Estudos em Manejo Regenerativo & Biológico em Cana de Açúcar (GBIO) foi reforçado no evento, com a apresentação dos conselheiros.

São eles: Carlos Crusciol, Professor Titular, Faculdade de Ciências Agronômicas, FCA/UNESP, Botucatu – SP; Everton Carpanezi, COO da Tereos; Joel Soares, Diretor de Operações na Jalles; Mário Dias da Costa Filho, Gerente Sr de Desenvolvimento Agronômico – Corporativo na BP Bunge Bioenergia; Paulo Eduardo Garcia Júnior, Engenheiro agrônomo e produtor na Agropecuária 3G; Rosa Muchovej, Cientista de solos na United States Sugar Corporation (U.S.Sugar); Willymberg Barreto, Gerente de Irrigação na Usina São José – PE e Josias Messias, Diretor executivo do GBIO.

Relevante – O conselheiro Mário Dias enfatizou a relevância do lançamento do GBIO. “Esta iniciativa é crucial, pois o manejo regenerativo precisa de apoio. É um bom negócio sob todos os aspectos. O grupo tem como objetivo desmistificar diversos conceitos, acompanhar tendências, fomentar discussões e trazer informações relevantes para o setor”, afirmou.

Manejo sem Receita de Bolo – O conselheiro Willymberg Barreto destacou a necessidade de inovação e adaptação no manejo agrícola. “Não existe uma receita de bolo. Precisamos fazer a diferença e acreditar, mesmo que inicialmente os resultados não sejam satisfatórios. Devemos revisar nossos processos e identificar melhorias. Acreditem, trabalhem duro, e os resultados virão”, incentivou.

Divulgação de Inovações – Paulo Eduardo Garcia Junior ressaltou a importância de estar receptivo às novas informações e tecnologias. “Precisamos sempre manter a mente aberta para acessar essa avalanche de informações. Um dos objetivos do GBIO é justamente mostrar todo esse trabalho e todas as inovações”, disse.

Exportação de Ferramentas Biológicas – Dr. José Rossato Jr., Professor da Fafram, encerrou o evento, afirmando que vislumbra um futuro promissor para a exportação de tecnologias agrícolas brasileiras. “Vejo que em breve seremos exportadores de ferramentas biológicas para sistemas produtivos na agricultura global. Estamos reduzindo nossa dependência do mercado de fertilizantes”, concluiu.

Os vídeos das apresentações estarão disponíveis no Youtube do JornalCana em breve.

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