O etanol hidratado é o ‘vilão’ do setor sucroenergético, por ter preço inferior ao do etanol anidro? O setor deve reduzir ou acabar com o hidratado? E a Conferência do Clima em Paris, em dezembro? Como o setor sucroenergético pode se posicionar nesse evento em favor do etanol? Há união no setor para ir a Paris?
Estes e outros questionamentos foram abordados por cinco dos executivos do setor sucroenergético que participaram na tarde de quarta-feira (11/11) em Araçatuba (SP), durante a oitava edição do Congresso Nacional de Bioenergia, da Udop e STAB. Confira o que eles disseram.
Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop):
“O etanol pega carona na crise da Petrobras. Mas quando há sobra de cana, ela vai para a produção de etanol hidratado. Ele regulamenta o mercado. E, sabemos, por convenção do próprio setor sucroenergético, que o hidratado custa entre 10% a 15% menos que o etanol anidro.”
Jacyr Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos Internacional, controlador da companhia sucroenergética Guarani:
O etanol brasileiro tende a conquistar importância mundial, por sua capacidade contra as emissões de poluentes. “Na última quarta-feira (11/11), em Paris, 70 ministros de Meio Ambiente assinaram pré-acordo para reduzir as emissões, liderados pela China e pelos EUA, principais poluidores. O pré-acordo é para a Conferência do Clima, a Cop 21, a ser realizada em dezembro em Paris.”
Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria:
“Em junho, a tonelada de CO2 equivalente valia no mercado US$ 24. Hoje, vale US$ 102. Esse é um mercado que favorece o nosso etanol. Falta regular isso. Na Califórnia, há uma regulação por conta: eles definem as metas de redução de carbono e como cada combustível contribuirá com essa redução.”
Genésio Lemos Couto, vice-presidente de Pessoas, Sustentabilidade e Comunicação do Grupo Odebrecht Agroindustrial:
“O setor sucroenergético não sabe se unir. Passaram-se 40 anos, desde a implantação do Proálcool, e o setor não sabe se unir. Não há uma voz uníssona, uma voz que represente todas regiões do país. A Cop 21 é uma oportunidade única para o setor.”
Luís Roberto Pogetti, presidente da Copersucar:
“Das 600 milhões de toneladas de cana moídas na safra, 200 milhões vão para fazer etanol hidratado. E a mitigação dos gases de efeito estufa favorece o etanol, que soma 28 bilhões de litros na produção nacional. Para 2030, há projeções de que essa produção chegue a 50 bilhões de litros. Uma tese que pode ser defendida na Cop 21 é ade que o padrão mundial de adição etanol à gasolina passe para 10%. Se essa mistura for mundialmente assumida, exigiria uma demanda adicional de 50 bilhões de litros. O ciclo de economia de baixo carbono dá otimismo para o setor sucroenergético.”