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Europeu descarta retomada imediata da negociação com o Mercosul

A rápida retomada das negociações bilaterais de comércio entre Mercosul e União Européia, forte reivindicação dos empresários brasileiros, foi descartada ontem por uma das maiores autoridades do bloco europeu, o diretor-geral de Relações Exteriores da Comissão Européia, Eneko Landaburu. “O realismo tem de ser o princípio que devemos adotar para saber aonde ir”, disse Landaburu, após uma série de reuniões com autoridades brasileiras. Só depois de uma definição das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) fará sentido pensar em negociações bilaterais comerciais, argumenta.

De visita ao Brasil para participar da reunião periódica da Comissão Mista Brasil-União Européia, Landaburu, de nacionalidade basca, considerou “frutíferas” as reuniões que teve em Brasília, porém, e garantiu que há interesse europeu em facilitar o comércio entre Europa e Brasil.

Na reunião em Brasília, os europeus aceitaram criar uma comissão permanente, denominada “diálogo sobre questões agrícolas”, para discutir barreiras sanitárias e fitossanitárias, impostas a produtos como a carne brasileira. Os europeus reclamam de exportações do produto brasileiro fora das rígidas especificações européias e acertaram enviar técnicos para aperfeiçoar a fiscalização no país.

Percorrendo com atraso o caminho trilhado no Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, os europeus querem fortalecer os laços com os brasileiros no setor de biocombustíveis. Além dos efeitos ambientais e econômicos, os europeus, segundo reconheceu Landaburu, vêem na exploração de biocombustíveis, como o etanol, também uma maneira de criar alternativas econômicas para a África e diminuir a pressão migratória das antigas colônias em direção à Europa.

O governo brasileiro ainda não deu resposta aos europeus, em um pedido para estabelecimento de um “diálogo” sobre políticas setoriais de energia, mas aceitou participar da organização de uma Conferência Internacional de Biocombustíveis, em Bruxelas, em julho. O fórum discutirá temas como a formação do mercado internacional e o esforço de pesquisa em biocombustíveis, além dos efeitos do biocombustível no meio ambiente e para os países em desenvolvimento. A UE convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para defender, na conferência, a experiência brasileira, pouco conhecida pela opinião pública européia, comentou Landaburu.

Bem-humorado, quando lhe perguntaram se os europeus estão competindo, nessa área, com os Estados Unidos, que fizeram do assunto o principal tema da visita ao Brasil do presidente Bush, Landaburu comentou “com os Estados Unidos, a Europa tem competição em tudo e cooperação em tudo”. (SL)

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