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Europa faz as contas de quanto vai perder

Setor privado europeu recebeu a notícia da vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) com pessimismo. Empresas do setor açucareiro, como a alemã Sudzucker, observaram queda de 2,8% nas ações nas bolsas de valores ontem, após o anúncio da derrota da União Européia (UE). Já os representantes dos fazendeiros preferiram destacar o “caos” que será criado com a redução dos subsídios para cerca de 320 mil produtores. Segundo Hubert Chavannes, secretário-geral da Associação dos Produtores de Açúcar da Europa, o Brasil “deveria ter cuidado” em iniciar casos sobre subsídios ao açúcar, insinuando que a produção brasileira também contaria com benefícios estatais.

A UE foi condenada após ficar provado que os subsídios internos dados por Bruxelas eram tão volumosos que acabam se tornando financiamento à exportação do açúcar, o que seria proibido. Para Chavannes, porém, essa lógica também valeria para o Brasil. Segundo ele, o financiamento à produção de etanol no País, teoricamente para o consumo interno, funcionaria como subsídio cruzado à exportação do açúcar.

Chavannes afirmou que o açúcar europeu é produzido por pequenos agricultores, mas dados de organizações não-governamentais, como a britânica Oxfam, o maior volume de ajuda vai para as grandes empresas.

Ontem, todas as grandes empresas européias do setor do açúcar operaram com ações em queda, entre elas British Foods, Tate & Lyle e a espanhola Ebro Puleva, com um desempenho negativo de 5% ao final do dia. A preocupação dos investidores também está relacionado com o preço do açúcar, que, estima-se, pode cair em até 30% em 5 anos.

No lado brasileiro, a disputa custou cerca de US$ 2 milhões aos produtores de açúcar do País, mas os ganhos serão bem superiores. “Esse caso é uma recompensa à cooperação entre o governo e o setor privado”, afirmou o embaixador do Brasil na OMC, Luis Felipe de Seixas Correa.

O primeiro a avaliar a possibilidade de questionar na OMC os subsídios agrícolas da União Européia (UE) foi o ex-secretário de Produção do Ministério da Agricultura, Pedro de Camargo Neto, ao receber o resultado da disputa aberta pelos Estados Unidos contra os subsídios dados pelos canadenses aos produtores de leite.

O primeiro questionamento à UE foi feito em 2002. Ontem, a tese brasileira foi confirmada pela OMC. J.C.

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