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EUA tomam Brasil como referência por uso do álcool combustível

O Brasil tornou-se uma referência nos Estados Unidos devido ao uso do álcool como combustível, mas não sensibilizou as tendências protecionistas do Congresso americano, que bloquearam a supressão da sua tarifa de importação.

Hoje, o comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado fará uma audiência sobre o assunto. Amanhã, legisladores, funcionários e especialistas também se reunirão para falar sobre o tema.

Com o preço da gasolina nas alturas, os EUA se deram conta de que o uso de energia renovável é mais que causa defendida pelos ambientalistas ou dos que defendem uma intervenção do Estado na economia.

Devido à proximidade das eleições de novembro, o tema é a bola da vez para legisladores conscientes da insatisfação dos eleitores, que levam uma “facada” cada vez que abastecem nos postos de gasolina.

O aumento do consumo de álcool, derivado da cana-de-açúcar ou do milho, é a opção mais discutida nos EUA.

Políticos de toda espécie têm defendido uma maior independência do país em relação ao petróleo vindo do Oriente Médio por motivos políticos e econômicos, mas, ainda assim, os EUA mantêm uma tarifa de importação de US$ 0,54 por galão (3,8 litros) de álcool para proteger seus produtores de milho.

A taxa prejudica especialmente o Brasil, que é o maior exportador de álcool do mundo, além de ser o país com a melhor tecnologia desenvolvida para o uso do álcool em automóveis.

Esse é um tema de grande importância para Brasília, e hoje o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com Bush sobre a questão do uso de energias renováveis, segundo Frederick Jones, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

O Congresso tem em suas mãos três propostas: uma para eliminar a tarifa até outubro, quando acaba o verão nos EUA e começa a época de maior consumo de gasolina; outra para suprimi-la até dezembro e uma terceira para acabar com a taxa definitivamente.

No entanto, as perspectivas de aprovação são poucas, segundo os especialistas.

“Não passará pelo poder dos produtores nacionais de etanol”, disse Ben Lieberman, especialista em energia da Fundação Heritage, um centro de estudos políticos.

No entanto, o Governo brasileiro tem esperanças. “Nossa previsão é que o tema não avance antes das eleições” de novembro, afirmou Emerson Kloss, especialista em assuntos agrícolas da Embaixada do Brasil em Washington.

O custo de produção de um galão de álcool de cana-de-açúcar no Brasil chega a US$ 0,80, enquanto nos EUA, que produz o combustível a partir do milho, esse valor sobe para US$ 0,90 a US$ 1,30.

No entanto, as intenções de baratear a gasolina, que possui o álcool em sua composição, não é forte o suficiente para vencer a veia protecionista nos EUA.

Bush, assim como os representantes dos estados que consomem muita energia, como Nova York, Califórnia e Connecticut, estão a favor da redução da taxa.

Mas legisladores democratas e republicanos, vindos de estados com alta produção de milho rejeitam a proposta.

Protegido pela tarifa e graças a subsídios agrícolas, o mercado do álcool nos EUA passa por um “boom”.

As 97 usinas do país produziram 4,260 bilhões de galões no ano passado (16,125 bilhões de litros). Outras 33 unidades estão em construção.

O Brasil, por sua vez, destilou 4,230 bilhões de galões (16,011 bilhões de litros), que foram suficientes para satisfazer mais de 40% de seu consumo de combustível para o transporte.

Para o Governo brasileiro, é importante que a taxa seja eliminada, mas não é a prioridade, porque o país não seria capaz de atender a curto prazo toda a demanda nos EUA, segundo Kloss.

O objetivo é promover a produção de álcool no mundo todo para garantir um fornecimento confiável do combustível, que polui menos que a gasolina.

Com isso, seriam abertos os mercados para os automóveis bi-combustível brasileiros, que usam tanto a gasolina como o álcool, e que em janeiro representaram quase 73% das vendas de veículos no Brasil.

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