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EUA terão de importar alimento

Pela primeira vez em mais de meio século, este ano os Estados Unidos voltarão a ser importadores líquidos de alimentos. Em lugar de simplesmente ampliar a pressão por mais protecionismo, essa reversão tem dado munição aos que querem a reforma da política agrícola americana. Seu argumento é de que a garantia do apoio federal maciço nos últimos anos tornou os agricultores americanos menos eficientes e competitivos, e deixou o país com uma produção agrícola centrada em commodities, típica de países do Terceiro Mundo.

O deputado Jerry Moran, republicano por Kansas, é um dos reformistas. Duas semanas atrás, ele advertiu os fazendeiros americanos para que se preparem para mudanças importantes na “Farm Bill” (programa de subsídios), durante a reunião anual da American Farm Bureau Federation, a principal organização de agricultores do país. Fatores políticos externos e internos e o problema de imagem que os subsídios maciços criaram para o setor estão pressionando por uma redução no protecionismo.

As importantes mudanças feitas no ano passado pela União Européia em sua Política Agrícola Comum deixaram o lobby agrícola americano sem o argumento que usou para conseguir elevar os subsídios de US$ 10 bilhões para mais de US$ 18 bilhões no programa de subsídios de 2002.

Internamente, o saldo fiscal que existia então – e que facilitou a transferência de bilhões de dinheiro público para a agricultura – foi substituído por um gigantesco déficit insustentável, que reduz drasticamente as opções de gastos.

Existe, além disso, uma clara deterioração da imagem pública dos agricultores, criada pela constante divulgação de notícias sobre a concentração não só dos pagamentos federais, que beneficiam um pequeno grupo de fazendeiros e empreendimentos agrícolas abastados, e também pelas barreiras ao acesso de produtos agrícolas, que se resumem a quatro itens principais: açúcar, suco de laranja, laticínios e fumo.

Um sintoma do novo clima está no programa da discussão sobre o açúcar na conferência anual sobre as perspectivas da próxima safra agrícola americana e mundial, promovida anualmente pelo Departamento de Agricultura (USDA).

A reunião deste ano, que acontecerá em Washington na última semana deste mês, propõe-se a discutir “os caminhos da reforma da política do açúcar”, um claro reconhecimento de que não se trata mais de saber se o programa, que beneficia desproporcionalmente uma família – os Franjul, no sul da Flórida -, e é um dos mais notórios, será mudado, mas como será mudado.

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