JornalCana

EUA querem parceria com Brasil para produção de biocombustível

José Eduardo Barella

Os EUA pretendem investir em pesquisa e produção de biocombustíveis em conjunto com o Brasil para reduzir em 20% seu consumo de derivados de petróleo – hoje o grande trunfo político e econômico de países críticos do governo americano, como Venezuela e Irã. Essa estratégia da Casa Branca ficou evidente ontem durante um encontro do subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns, e do secretário-adjunto para a América Latina, Thomas Shannon, com jornalistas em São Paulo.

Burns – o terceiro na hierarquia do Departamento de Estado, depois da secretária Condoleezza Rice e do vice John Negroponte – chegou ontem ao País para uma visita de três dias. Ele deve sugerir ao governo brasileiro um “amplo processo de negociação” entre os dois países para aumentar a cooperação técnica e científica na área de biocombustíveis. O objetivo, segundo Burns, é transformar os biocombustíveis “num tema central do relacionamento bilateral”. “EUA e Brasil, juntos, respondem por 80% da produção mundial de etanol. Precisamos estimular outros países a produzir mais para que o etanol se transforme numa commodity de exportação”, disse.

Ele deixou claro, porém, que a iniciativa não significa a criação de uma versão da Opep (o cartel dos países produtores de petróleo) para o etanol. “Não somos favoráveis à criação de cartéis, e sim pelo livre comércio”, acrescentou. Burns conta que se reuniu com o governador José Serra e ouviu dele queixas sobre o imposto de importação de etanol, que dificulta a entrada de produtores brasileiros no mercado americano.

Burns mostrou-se preocupado em apagar a imagem de vilão do governo do presidente George W. Bush em relação ao aquecimento global. “Investimos, desde 2001, US$ 29 bilhões em pesquisas de tecnologia limpa.” Outra preocupação de Burns foi desprezar as ofensas do presidente venezuelano Hugo Chávez ao governo americano. “Não somos obcecados por Chávez, não pensamos muito nele; preferimos investir nossa energia em países produtivos”, cutucou. Burns também relevou a suposta influência de Chávez nos países da região. “O sentimento predominante no continente é de celebração da democracia, se ele quiser usar políticas ultrapassadas, problema dele.” As maiores críticas, porém, foram endereçadas ao Irã.

Burns deixou claro que os EUA só aceitam negociar se Teerã abrir mão de sua política nuclear. “Não é inteligente da parte deles impedir as inspeções das usinas nucleares, isso só amplia o isolamento internacional do país”, advertiu. “Estamos sendo pacientes com o Irã. A secretária Rice já se ofereceu para sentar com outros países em busca de uma solução pacífica, mas eles insistem em desafiar a comunidade internacional”, acrescentou. “Sabemos que eles tentaram derrubar o governo do Líbano e agora estão fornecendo tecnologia para atentados terroristas. O Irã está cavando um buraco e isolando-se cada vez mais.” ?

http://www3.estado.com.br/ep/render.asp?name_final=Estado_20070207_A-1%BA%20Caderno_A05-Internacional_011_03_documento&width=800&height=600

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram