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EUA mantêm sobretaxa para o álcool

Os americanos não estão interessados pelo álcool brasileiro. Isso ficou mais evidente se for considerada a decisão de terça-feira da Câmara dos Deputados e do Senado dos Estados Unidos de prorrogar até janeiro de 2009 a cobrança da sobretaxa de 54 centavos de dólar por galão (3,8 litros) de etanol importado. O prazo de vigência do imposto deveria terminar em outubro de 2007. O objetivo foi impedir que o Brasil “inunde o mercado dos EUA”, com etanol barato. Para os parlamentares, é preciso dar um tempo maior para que a produção local cresça atender à crescente demanda interna.

Para o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, a prorrogação da tarifa de importação do álcool por mais dois anos não causou surpresa alguma ao setor sucro alcooleiro no Brasil. “Isso já era esperado. O lobby de defesa dos setores de milho e etanol norte-americanosempre foram muito fortes”, afirmou. Segundo Carvalho, nem mesmo os pronunciamentos de vários políticos a favor da derrubada da tarifa – inclusive de Jeb Bush, governador da Califórnia e irmão do presidente George Bush – foram suficientes para derrubar a barreira alfandegária.

A manutenção da taxa aduaneira de US$ 0,54 por galão representa um golpe na competitividade brasileira para o mercado de etanol, segundo representantes do mercado. Com o preço do álcool anidro a R$ 0,848 o litro na usina, o imposto americano corresponde a 35,4% do preço negociado pelo produto no mercado interno.

Interesse crescente

Mas, se os americanos não querem o etanol brasileiro, os fundos de investimento de origem americana continuam interessados em participar da produção brasileira. O consultor Julio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento, diz que o interesse na aquisição de novas usinas é crescente, tanto por parte de investidores dos Estados Unidos, quanto de empresas européias. No caso das européias, as principais interessadas são as empresas fabricantes de açúcar.

Borges acredita que 2007 deverá ser repleto de negócios. Para ele, as razões para a aceleração dos negócios são a queda dos preços internacionais do açúcar e a retração das vendas externas de etanol, especialmente para o mercado americano. Sem esse trunfo, os usineiros começam a aceitar ofertas mais modestas por suas usinas. Há alguns meses atrás, os donos das usinas relutavam em aceitas as ofertas dos investidores estrangeiros, por julgar que os preços poderia aumentar.

Segundo o analista, os preços das usinas considerados viáveis para que as negociações prossigam está entre US$ 40 e US$ 50 por toneladas de capacidade industrial e por volta de US$ 30 por tonelada de produção agrícola. Isso significa que a venda de uma usina média, com capacidade de moagem de 1 milhão toneladas por ano poderá ser vendida no próximo ano por cerca de R$ 170 milhões, considerando a taxa de câmbio a R$ 2,15.

Borges garante que há dezenas de usinas à venda, mas muitas delas em más condições, do ponto de vida administrativo. A má gestão dessas empresas não assusta os grandes fundos de investimento, diz Borges. Ao contrário, isso as torna mais atraentes, já que ficam mais baratas e podem ser melhoradas para depois serem revendidas.

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